Apesar da preocupação levantada nas últimas semanas sobre a participação de policiais militares da ativa nos atos a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) , as principais concentrações de apoiadores do chefe do Executivo não registraram, ontem, problemas causados pelo grupo.
Na Avenida Paulista, em São Paulo, e na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, autoridades não relataram presença de agentes fardados ou mostrando armas publicamente no meio dos apoiadores do presidente. Policiais da ativa são proibidos de participar de manifestações políticas, segundo os regimentos estaduais da categoria. Segundo levantamento publicado pelo Globo no sábado, ao menos oito estados pretendem punir PMs se ficar provado que foram aos atos.
Governadores e especialistas em segurança pública admitem que a maior parte da tropa votou em Bolsonaro e compartilha de ideias com o presidente, principalmente na defesa de pautas corporativistas e do armamento. Apesar disso, avaliam que a divulgação de punições exemplares, o apelo para o cumprimento dos regimentos internos e o fato de que a maior parte da tropa estava trabalhando na segurança dos protestos contribuíram para que a participação de policiais não tenha sido notada.
Para o ex-secretário nacional de Segurança Pública e coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo José Vicente da Silva, a PM cumpriu o seu papel e não se manifestou politicamente.
"Os PMs não teriam como e nem por que fazer uma adesão a esses atos. Eles têm um compromisso profissional de preservar a população no usufruto de seus direitos de reunião e manifestação. E o trabalho foi esse: o papel profissional foi cumprido e não houve movimentações políticas", disse o coronel.
Em São Paulo, embora o governo do estado tenha informado que todo mundo seria revistado, muitos manifestantes passaram pelos bloqueios da Avenida Paulista sem ter os pertences checados pela PM. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, as revistas foram feitas em “pontos estratégicos”. No Distrito Federal, a PM disparou bombas de gás para dispersar um grupo que soltou fogos, que eram proibidos, próximo ao Palácio do Itamaraty.