Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) receberam com indignação as ameaças do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disparadas contra a Corte durante os atos de 7 de setembro . A réplica, porém, ficou para amanhã. No início da sessão desta quarta-feira, o presidente do tribunal, ministro Luiz Fux, fará um pronunciamento para rebater os mais novos ataques do chefe do Executivo.
O Globo apurou que o magistrado rebaterá o aviso dado por Bolsonaro de que não cumprirá qualquer determinação judicial proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, principal alvo dos discursos do presidente da República e relator de inquéritos que o investigam no STF.
Fux deixará claro que, caso de fato desrespeite decisão do Supremo, seja de qual ministro, Bolsonaro vai incorrer em crime de responsabilidade - o que pode ensejar um pedido de impeachment.
A decisão de silenciar num primeiro momento e deixar para o mandatário da Corte a tarefa de falar por todos os ministros tem como objetivo dar um caráter institucional ao movimento, como já ocorreu em episódios semelhantes.
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A estratégia foi acertada conjuntamente numa reunião virtual com dez dos 11 integrantes do tribunal - apenas Dias Toffolli não compareceu. Todos os magistrados falaram suas opiniões em pouco mais de uma hora de conversa.
Durante a reunião, palavras como "absurdo", "golpista" e "fascista" foram usadas para classificar os discursos de Bolsonaro.
O mais inconformado era, ju stamente, Alexandre de Moraes. Ele chegou a chamar o presidente de "desequilibrado". Moraes também foi explícito ao dizer que estava com medo das ameaças que viu sendo proferidas contra ele durante o 7 de setembro.
Embora tenham irritado os ministros, as agressões e intimidações do presidente da República não chegaram a surpreender a Corte. A subida de tom já era esperada. Mais do que isso. Antes dos atos, parte dos magistrados acreditava que dificilmente a sede do tribunal em Brasília sairia ilesa, sobretudo depois que vieram a público imagens em que caminhoneiros conseguiram furar o bloqueio da Polícia Militar na Esplanada dos Ministérios na noite de segunda-feira, véspera dos eventos na capital.
Ministros mais pessimistas especulavam durante o fim de semana a possibilidade de haver insurgências por forças de segurança Brasil afora, inclusive com a participação de policiais nos atos organizados por apoiadores de Bolsonaro.