Glaidson Acácio dos Santos, o 'faraó das criptomoedas'
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Glaidson Acácio dos Santos, o 'faraó das criptomoedas'

Uma planilha anexada pelos advogados da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) à ação de produção antecipada de provas em que confirma ter recebido cerca de R$ 72,3 milhões da GAS Consultoria & Tecnologia e de seu dono, o ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos — preso desde a semana passada suspeito num esquema de pirâmide financeira com criptomoedas —, a instituição declara que, somente em julho deste ano, as transferências somaram R$ 20 milhões. Com isso, o mês passado foi o que registrou quantias mais elevadas repassadas pelo investidor à  Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) desde maio de 2020, início do período com os detalhamentos contidos no documento.

A Universal diz que recebeu de "boa-fé" as "doações" de Glaidson, que já foi pastor da denominação e que colaborava com o "sustento do templo" de Cabo Frio, que ele frequentava. Segundo a igreja, no entanto, "em razão do exorbitante valor", líderes locais passaram a questioná-lo sobre a origem do dinheiro, até culminar na ação apresentada na Justiça. Em 15 meses, foram 43 transferências para contas correntes da Iurd, além de 38 operações por meio de cartão de crédito. De acordo com a planilha, somente em dois meses esses repasses não ocorreram: março e maio de 2021.

 Já em julho deste ano, uma única transferência, no dia 12, chegou a R$ 15 milhões. Os outros R$ 5 milhões do mês foram depositados no dia 5. Mas, desde maio de 2020, quase todos os outros meses totalizaram cifras milionárias. Só dezembro de 2020 somou R$ 13,52 milhões. Foi o segundo mês com acumulados mais vultosos, seguido por junho de 2021 (R$ 10,03 milhões) e julho de 2020 (R$ 9,39 milhões).

Algumas transferências, aponta a planilha, aconteciam em dias consecutivos. Nos sete primeiros dias de julho do ano passado, foram nove depósitos (num total de R$ 6,3 milhões) e três operações com cartão de crédito (num montante de R$ 60 mil). Num mesmo dia, 6 de julho, foram cinco transações, que perfizeram R$ 2,32 milhões.

Para a Polícia Federal, Glaidson – que transferiu milhões de reais para dezenas de contas –  teria praticado crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, tendo em vista o caráter atípico dos negócios, como doações feitas em valores muito altos, mediante transferência bancária ou cartão de crédito, de forma fragmentada, sem comunicação prévia, incompatível com o padrão de doações realizadas à instituição religiosa e às atividades desenvolvidas pelos doadores.

Em nota à imprensa nesta segunda-feira, a Iurd afirmou que desde o fim de 2019 vem alertando seus integrantes para os golpes com criptomoedas. "A Universal não compactua com nenhuma atividade ilícita, por mais ganhos que possa gerar", afirmou o texto. Já com relação a Glaidson, lembrou que ele ingressou no treinamento pastoral da Universal em 2003, mas foi desligado pouco depois por "não atender aos padrões do ministério".

"Há alguns meses, a Igreja recebeu informações de que ele estaria assediando e recrutando fiéis e integrantes do corpo eclesiástico para participar de sua empresa, que demonstrava sinais que caracterizavam algum envolvimento com pirâmide financeira", disse a nota da igreja.

Na ação apresentada na Justiça, a instituição pede que o ex-garçom dê explicações sobre o dinheiro das que seriam doações ao templo de Cabo Frio. Já a GAS Consultoria, também por nota, afirmou que "por gerenciamento estratégico", a empresa "adota a prática de utilização de múltiplas contas de segurança, tanto de pessoas jurídicas como de pessoas físicas ligadas à operação da empresa, em diversos bancos e em âmbito nacional".


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