O i nvestidor e influenciador digital Wesley Pessano Santarém, de 19 anos, assassinado a tiros em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, no último dia 4, foi seguido por seus assassinos 25 minutos antes do crime. Câmeras de segurança, que já estão em posse da Polícia Civil, e que foram obtidas com exclusividade pelo EXTRA, mostram o momento em que os criminosos chegaram perto de sua casa, em Cabo Frio, para fazer uma espécie de investigação. No entanto, eles não esperavam que o rapaz sairia de casa em seguida. Wesley seria morto minutos depois perto da barbearia onde cortaria o cabelo a pouco mais de 20 quilômetros de sua residência. Seu amigo, que estava no carro, também foi alvejado. Ele sobreviveu. No entanto, está internado em Araruama.
As imagens mostram os criminosos, às 15h, chegando na casa de Wesley, em Cabo Frio, para vigiá-lo. O vídeo mostra também que os assassinos encontraram a vítima, esperaram ela passar e foram atrás. Segundo os investigadores, os criminosos seguiram o jovem até o local do homicídio, no bairro São João — em São Pedro da Aldeia —, onde ele cortaria o cabelo. Próximo da barbearia, ele foi abordado pelos criminosos, que desceram do carro e efetuaram os disparos. O trader foi atingido várias vezes. Na tentativa de despistar os investigadores, os bandidos levaram um cordão de ouro da vítima. Veja abaixo.
Wesley foi morto em um Porsche, avaliado em R$ 440 mil, que está em nome da Ares Consultoria e Investimentos, da qual ele era sócio.
Para a Civil, o crime pode estar ligado ao mercado de criptomoedas em Cabo Frio. Os agentes não descartam que o rapaz executado estivesse envolvido numa disputa entre grupos concorrentes que investem em moedas virtuais ou que possam ter causado prejuízo a uma pessoa. Outra hipótese levantada é a de queima de arquivo.
O contratante e um dos executores, além do motorista do carro, foram presos na última semana.
Quatro delegacias — 125ª DP (São Pedro da Aldeia), 126ª DP (Cabo Frio), 127ª DP (Armação de Búzios) e 129ª DP (Iguaba Grande) — vão compor o grupo de trabalho, que vai analisar inquéritos que envolvam transações em criptomoedas. Nos últimos meses, Cabo Frio registrou três atentados contra empresários e pessoas que atuam no ramo de bitcoins. Investigadores afirmam que “uma ciranda financeira” está acontecendo no município.
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Segundo a 126ª DP (Cabo Frio), pelo menos dez empresas que supostamente dão consultoria para investidores de bitcoins estão sendo investigadas em uma “ciranda financeira” em Cabo Frio. Elas estariam praticando a chamada pirâmide. Atualmente, a cidade está sendo chamada de “o novo Egito”.
Ministério Público do Estado investiga ‘ciranda financeira’ na Região dos Lagos
Uma investigação sigilosa do Ministério Público do Estado (MP-RJ) apura a ‘guerra’ entre empresários que prestam consultorias para pessoas que querem investir em moedas virtuais – os bitcoins – em Cabo Frio e em cidades vizinhas. A investigação vem à tona após a morte de Pessano.
Está a cargo da Promotoria de Investigação Penal de Cabo Frio o comando da apuração dos casos.
De acordo com o MP, “os casos estão sendo investigados, mas não é possível fornecer detalhes por se tratar de investigação sigilosa”. O EXTRA apurou que a Ouvidoria do órgão tem recebido ligações anônimas com informações sobre os possíveis crimes cometidos na disputa pelo domínio de carteiras de clientes que investem em criptomoedas naquele município e em cidades das imediações.
Na última semana a Polícia Civil criou uma força-tarefa para apurar crimes ligados à transação de moedas virtuais na cidade. A investigação vai mirar empresários que atuam nessa modalidade. Entre as empresas investigadas estão a Winzer Cooperativa e a Consultoria Black Warrior, que são acusadas de aplicar golpes em investidores em diversas cidades daquela região. Os empresários serão intimados a prestar esclarecimentos ao Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD).
Investigadores afirmam que milhares de vítimas caíram no golpe da pirâmide e milhões de reais foram movimentados por essas empresas nos últimos meses.
O DGCOR-LD também quer identificar membros de organização criminosa que estejam se beneficiando financeiramente com a disputa pelo mercado que vem ocorrendo nos municípios da Região dos Lagos.
Segundo o delegado Flávio Porto de Moura, diretor do DGCOR-LD, uma investigação financeira foi aberta para "impedir que esse mercado seja explorado por organizações criminosas que eventualmente tenham algum interesse no segmento".
No último dia 10, uma semana após a morte de Pessano, a Ares Consultoria e Investimentos, da qual ele era sócio majoritário, anunciou que estava encerrando as suas atividades e qualquer captação de novos investidores. A nota, postada em rede social na noite de terça-feira e que tinha vários erros de Português, informava ainda que estavam tomando decisões sobre o rumo que a empresa. Na semana passada, a 125ª DP (São Pedro da Aldeia) ouviu um dos sócios de Wesley. Familiares da vítima também já falaram com a polícia.
R$ 40 mil pela morte do empresário
Entre a madrugada de sábado e a manhã de segunda-feira, dia 9, três pessoas foram presas acusadas de terem ligação com o crime. Roberto Silva Campanha, apontado como o contratante do assassinato do rapaz foi preso na segunda em Rio das Ostras. No endereço do homem os agentes encontraram uma réplica de fuzil M16. Segundo a Polícia Civil, o executor de Wesley recebeu R$ 40 mil para cometer o crime.
Já um dos executores, Edson da Costa Marinho, e Chingler Lopes Lima, o motorista do carro usado no crime, foram presos no Rio, na madrugada de sábado. Eles dirigiam o veículo em uma das ruas da Vila da Penha, na Zona Norte do Rio. De acordo com as informações da Polícia Civil, há indícios de que o mesmo carro usado no assassinato de Wesley esteve presente na tentativa de matar um empresário no bairro de Jardim Esperança, em Cabo Frio, no mês de junho.