O miliciano Adriano da Nóbrega, que ficou foragido da polícia mais de um ano até ser morto na Bahia
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O miliciano Adriano da Nóbrega, que ficou foragido da polícia mais de um ano até ser morto na Bahia

As conversas por aplicativo de mensagens, sucintas, tinham códigos e nunca revelavam nomes ou localização. Após alguns contatos, aparelhos e chips eram trocados. Essas práticas faziam parte dos cuidados que o  ex-capitão do Bope e miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega tomava para não ser rastreado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

O paramilitar praticamente só se comunicava com a mulher, Júlia Lotufo, que, hoje, negocia uma delação premiada . Respondendo a processos por lavagem de dinheiro e associação criminosa, ela quer garantir o perdão da Justiça e deixar o país. Diz se sentir ameaçada. Em troca, oferece informações sobre a vida do homem que, segundo investigações, chefiou um bando de matadores de aluguel e esteve à frente de uma das mais fortes quadrilhas da Zona Oeste.

Adriano foi morto por uma equipe de policiais da Bahia na zona rural do município de Esplanada, em 9 de fevereiro do ano passado. A ação ainda é investigada; na semana retrasada, seu corpo foi exumado pela segunda vez. Promotores baianos querem saber como agentes conseguiram encontrar o miliciano e baleá-lo.

Além das técnicas de guerra que aprendeu — e ensinou — no Bope para não ser visto, ele obrigava parentes e integrantes de seu bando a seguirem uma série de regras rígidas para que não fosse localizado. De acordo com um relatório do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, ao qual o Extra teve acesso, “um cuidadoso esquema era utilizado”. Foi graças à disciplina nos contatos por telefone que o ex-caveira se manteve foragido da Justiça por mais de um ano.

‘Ponto a ponto’

Para se comunicar, Adriano adotava a prática conhecida “ponto a ponto”. Utilizava um aparelho diferente para falar com cada pessoa, que também precisava ter um telefone exclusivo para receber as ligações do miliciano. Quando foi morto, ele estava com 15 celulares e sete chips, alguns ainda sem uso. Peritos analisaram todos, e pouco conseguiram descobrir. O paramilitar apagava as mensagens.

Nas raras conversas recuperadas durante a varredura nos aparelhos, pode-se notar, de acordo com o relatório do Gaeco, uma constante preocupação com a segurança. Em mensagens trocadas poucas horas antes de ser morto, Adriano pediu ao soldado da PM Rodrigo Bitencourt Fernandes Pereira do Rego. chamado de “RD”, que pegasse um celular “ponto a ponto” com a mãe de Júlia, para monitorar a chegada da mulher ao Rio. Ela tinha passado alguns dias com o miliciano, identificado como “Fazenda 01”, na Bahia.


Rodrigo, segundo uma denúncia do Ministério Público, cuidava do esquema de agiotagem mantido por Adriano nas comunidades da Muzema e de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio. Ele já teve um relacionamento com Júlia; ambos são pais de uma menina.

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