Para chegar ao Supremo Tribunal Federal, André Mendonça ainda precisa enfrentar uma sabatina no Senado
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Para chegar ao Supremo Tribunal Federal, André Mendonça ainda precisa enfrentar uma sabatina no Senado

Lideranças evangélicas que endossaram a indicação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF) procuram convencer senadores a apoiá-lo, acenando com alianças nas eleições .

Mendonça, presbiteriano e atual advogado-geral da União, foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como “terrivelmente evangélico”, mas ainda enfrenta resistências no Senado, responsável por dar aval à nomeação . Representantes de igrejas têm sugerido, em retaliação, a possibilidade de retirada de apoios e de fazer campanha contra parlamentares em 2022.

Embora nem sempre tenha tido a preferência de pastores e membros da bancada evangélica, Mendonça passou a ser defendido diante do aval de Bolsonaro, que o indicou ontem à vaga aberta com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello. Um dos focos de objeção no Senado vem do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Davi Alcolumbre (DEM-AP), responsável por pautar a sabatina. O senador tem evitado reunir-se com Mendonça, que precisa de maioria absoluta na CCJ, composta por 27 membros, e depois no plenário, com 81 senadores. A votação é secreta.

Lembrança eleitoral

Para o pastor Silas Malafaia , aliado do Planalto e líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, há um “jogo político normal” em torno da indicação, mas senadores como Alcolumbre e Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid e hoje rival de Bolsonaro, terão “juízo” ao avaliá-lo. Na última semana, Mendonça falou com Aziz ao telefone e disse esperar que o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), ligado à Assembleia de Deus de Belém, o convencesse a apoiá-lo.

"Alcolumbre é sensato, vai lembrar que eu o ajudei na última eleição e que 40% do seu estado é evangélico. Qualquer postura que não esteja nos trâmites corretos será lembrada por mim no ano que vem, da mesma forma que, com uma atitude leal, vou elogiar", disse Malafaia. "Aziz terá coerência. Há mais de 1 milhão de membros da Assembleia de Deus na região dele. Briga por CPI é uma coisa, votação do Mendonça é outra."

Líder da igreja Sara Nossa Terra, o bispo Robson Rodovalho disse não ver motivo para resistências a Mendonça.

"Os evangélicos são um segmento muito parceiro, vários senadores foram eleitos com este voto. Vamos trabalhar para consolidar este nome o mais rápido possível."

Procurado, Alcolumbre não se manifestou. Nos bastidores, ele mostrava preferência pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, ou pelo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Jorge Oliveira. Segundo a colunista Malu Gaspar, Mendonça agrada a nomes do STF mais críticos a Bolsonaro, como o presidente da Corte, Luiz Fux, e os ministros Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, que o consideram menos simpático ao Centrão do que outros postulantes, como Aras e o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins.

Pelo regimento interno, depois que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), encaminhar a indicação, a CCJ tem 20 dias para apresentar seu parecer. Não há prazo para Pacheco fazer este encaminhamento.

Ontem, nas redes sociais, Mendonça agradeceu a Deus, a Bolsonaro e a “líderes evangélicos, parlamentares, amigos” pela indicação. Ele disse ter compromisso “com a Constituição e o Estado Democrático de Direito” e que vai procurar todos os senadores.

“Questão de diálogo”

O presidente da bancada evangélica, Cezinha de Madureira (PSD-SP), minimizou resistências no Senado e disse que Alcolumbre não recebeu Mendonça por estar “ocupado em viagens ao seu estado, já que em 2022 tem eleição”. Cezinha disse que conta com apoio a Mendonça dos 14 senadores integrantes da bancada, inclusive oposicionistas, como Eliziane Gama (Cidadania-MA). A senadora disse que tende a votar em Mendonça “por seu currículo e formação técnica, apesar da péssima credencial de estar neste governo”, mas que não trabalhará por mais apoios.


Outro nome que ainda não manifestou apoio a Mendonça, é Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), próximo a Martins, que é adventista.

"A construção no Senado é mais uma questão de diálogo do que de manifestações públicas, e isto é o que André está tendo com o Flávio e todos os outros", disse Cezinha.

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