Em entrevista ao portal Metrópoles, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT)
afirmou que os militares assumem riscos quando deixam Jair Bolsonaro (sem partido)
"falar em nome das Forças Armadas".
"Nós temos que compreender de uma vez por todas que tem instituições que são de Estado. O Poder Judiciário é um poder de Estado, as Forças Armadas são órgãos de Estado. O Ministério Público é de Estado. A pior coisa que pode acontecer com Polícia Federal, Receita Federal, Controladoria-Geral da União, é se deixar instrumentalizar por um projeto de pode".
E completou: "Eu lamento que alguns militares não se deem conta dos riscos que estão assumindo ao deixar o Bolsonaro falar em nome das Forças Armadas", declarou Haddad.
Sobre as eleições de 2022, o ex-prefeito de São Paulo disse que Lula busca uma frente ampla "que não seja a base do governo Bolsonaro". Ele ainda afirmou Lula procura dialogar com partidos de centro-direita.
"Acredito que o Lula queira uma frente ampla, mas ele quer uma frente ampla que não seja a base do governo Bolsonaro. Acho que ele está de olho nos partidos que, de alguma maneira, já se manifestaram contra a agenda política e/ou econômica do governo Uma parte muito grande da chamada centro-direita não concorda com o modus operandi do governo Bolsonaro e quer se distanciar, sabendo dos riscos que ele representa para o futuro do país. Eu penso que o Lula quer dialogar com esses dois terços da sociedade, do ponto de vista da representação política", disse.
Fernando Haddad acredita ainda que a disputa do próximo ano não dará espaço para um candidato de terceira via. "Eu não vejo espaço para uma terceira via se consolidar. O cenário mais provável hoje, e se fortalece no ano que vem, é um cenário Lula e Bolsonaro".
"Lembrando que o Bolsonaro está em um péssimo momento, mas deveria estar sem um único apoio. No entanto, ele mantém sua base de 20% de sustentação. Pode acontecer exatamente o contrário do que a terceira via supõe, que ele derreta e abra espaço", completou.
Sobre participar do próximo pleito eleitoral, Haddad não descartou concorrer na chapa, mas deixou em aberto a possibilidade de formar uma aliança para concorrer ao cargo de governador de São Paulo.