O número de policiais mortos em decorrência da Covid-19 foi quase duas vezes maior, no estado de São Paulo, do que os óbitos provocados por confrontos armados entre agentes de segurança e suspeitos, em 2020.
De acordo com o Relatório Anual 2020, emitido pela Ouvidoria das Polícias de São Paulo, 22 policiais morreram em trocas de tiros no ano passado, enquanto 43 agentes de segurança vieram a óbito em decorrência da Covid-19.
De acordo com o levantamento, as vítimas foram 19 policiais militares, 21 civis e três técnicos científicos morreram em decorrência do coronavírus no estado de São Paulo. No mesmo período, 18 agentes da PM e outros quatro da Polícia Civil morreram durante tiroteios.
De acordo com o jornal Agora São Paulo , os números podem ser ainda mais alarmantes, já que a Covid-19 matou ao menos um policial civil a cada dois dias e meio no estado de São Paulo entre o início de janeiro e o dia 10 de abril. Segundo a Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp), foram 40 óbitos neste período.
Antes do início da pandemia, em 2019, 34 policiais morreram no estado de São Paulo, contando agentes militares, civis e fora do horário de serviço, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Este número é menor do que a quantidade de agentes mortos em decorrência da Covid-19, tanto em 2020, quanto nos primeiros quatro meses de 2021.
Possíveis causas
“Há essa ideia de que o policial é o herói, o salvador. Existe essa construção e isso nega para eles alguns direitos. No começo da pandemia, não era incomum ouvir policiais relatando problemas de acesso a insumos de higiene”, afirmou o pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Dennis Pacheco, ao Agora . Segundo ele, isso se deve a um entendimento falacioso de que o policial “pode não ser uma categoria de trabalhador”.
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Além do número de mortos, o afastamento de policiais por conta de infecções pela Covid-19 também foi significativo. Segundo a SSP, a instituição chegou a ter 1.700 licenças relacionadas a sintomas e diagnósticos positivos da doença em apenas uma semana. Hoje, esse número é de em torno de 300 afastamentos por mês, muito por conta da inclusão dos policiais no grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19.
A imunização de agentes de segurança no estado de São Paulo foi iniciada em 5 de abril deste ano, na ocasião, 180 mil imunizantes foram disponibilizados para essa categoria. Até o momento, mais de 209 mil profissionais das forças de segurança receberam ao menos uma dose da vacina contra o Sars-Cov-2, o que representa em torno de 90% do efetivo total.