Um documento do Serviço de Repressão a Crimes contra Comunidades Indígenas da Polícia Federal (PF) vazou para grileiros que atuam em sete florestas nacionais e territórios indígenas no Sudoeste do Pará. Além da corporação, a operação também reúne agentes da Força Nacional de Segurança e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais ( Ibama ).
Procurada pelo GLOBO, a PF afirmou que "não confirma o conteúdo do documento citado", mas que "há sim uma ação na região que será divulgada oficialmente em nossa página de notícias, no momento oportuno".
Segundo o informe, as investidas ocorrerão em um raio de 200 quilômetros ao redor da estrada BR-163 , via utilizada para escoamento de commodities produzidas no Mato Grosso e marcada por uma alta incidência de desmatamento e queimadas ao seu redor.
Áudios obtidos pelo GLOBO mostram que grileiros trocaram mensagens por WahtsApp sobre a operação desde o fim de semana. Em um deles, uma mulher diz: "Gente, se cuida que vai ter uma operação muito grande em Novo Progresso (PA) sobre garimpo, né? E vocês já viram o que aconteceu em Jacaeranga (PA), Itaituba (PA), então estou avisando que 50 caminhonetes chegou (sic) agora há pouco com a Força Nacional, Ibama e tudo. E dez helicópteros deles. Gente, por favor avisem quem puder avisar (...) Nós somos garimpeiros e nós temos que cuidar dos nossos equipamentos".
Você viu?
Em outro áudio, um homem afirma que passou a lista dos locais de operação da PF: "Tá na hora de passar sebo no corpo e ficar liso, viu? Pra esse bicho não pegar a gente".
A PF menciona, ainda, que cumprirá uma decisão judicial tomada pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso sobre a intensificação da proteção a terras indígenas contra a Covid-19. No documento, a PF afirma que a Força Nacional de Segurança permanecerá por 90 dias na região da Terra Indígena Munduruku , que tem registrado diversas invasões por grileiros. Uma "intervenção no interior" do território já teria data definida.
De acordo com o cronograma, o primeiro alvo da investida da PF, FNS e Ibama teria sido, entre o último domingo e a segunda-feira, a Floresta Nacional do Amaná. O efetivo encerrará as atividades no dia 10 de junho.