Da esquerda para a direita: Lucas, Alexandre e Fernando
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Da esquerda para a direita: Lucas, Alexandre e Fernando

A Polícia Civil não soube dizer se algum dos dezesseis presos na manhã desta sexta-feira (21), durante uma operação da corporação no Morro do Castelar, em Belford Roxo , teve participação no desaparecimento de três meninos há cerca de cinco meses naquela cidade. Os investigadores vão analisar se os detidos têm ligação com o sumiço das crianças, em dezembro do ano passado.

Segundo a Civil, os criminosos detidos nesta ação atuaram ativamente na tortura de um homem — que o tráfico determinou que ele assumisse o crime. A vítima foi expulsa da favela junto com a família. A investigação aponta que 12 criminosos participaram da agressão — que culminou na ação de hoje. Quatro dos supostos torturadores foram presos.

"A operação de hoje pode ajudar a angariar fatos ou não (na investigação do desaparecimento). (A operação) Ela surge com um homem que foi torturado. Existe um nexo para apurar se pode ter ligação com o caso de desaparecimento. Pelo menos doze pessoas participaram da agressão ao homem e isso foi mencionado no inquérito (da agressão)", disse o delegado Uriel Alcântara, titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), unidade à frente do caso.

De acordo com os investigadores, um menor de 17 anos participou da agressão ao morador. Ele teria mordido a orelha da vítima dentro de um carro e dito que o diabo teria falado que era necessário beber o sangue do homem. O menor tinha um mandado de apreensão, e segue sendo procurado.

A imagem da vítima, antes da tortura, foi postada nas redes sociais, com uma mensagem que a apontava como suspeito pelo desaparecimento dos três meninos.

Ao todo 22 mandados de prisão e 15 de busca e apreensão foram expedidos pela Vara Criminal de Belford Roxo .

Segundo os investigadores, a operação de hoje é uma junção entre dois inquéritos — um de crimes cometidos pelo tráfico de drogas, desenvolvido pela Polinter há mais de um ano, e outro de tortura cometido por traficantes no caso dos meninos desaparecidos. Lucas Matheus, de 8 anos, Alexandre da Silva, de 10, e Fernando Henrique, de 11, foram vistos pela última vez no dia 27 de dezembro do ano passado.

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"A Polinter já tinha uma investigação há tempo no Castelar, acerca do tráfico de drogas e uma série de outros delitos, como roubo de cargas, homicídios, tentativa de homicídios , corrupção de menores dentre outros. Quando surgiu o fato do desaparecimento (dos meninos), a Polinter e a DHBF começaram a se falar - tendo em vista que tínhamos uma investigação robusta", disse o delegado Felipe Cury, diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE).

Segundo Uriel, "diante dessa grave violação de direitos humanos, houve a ação". "Ao longo da investigação, identificamos os responsáveis pela tortura. Além disso, fizemos busca e apreensão. Buscamos corroborar com o desaparecimento das crianças", destacou o delegado Uriel.

Roberto Cardoso, diretor do Departamento Geral de Homicídios e Proteção da Pessoa (DGHPP), diz que "a operação de hoje demonstra a sensibilidade para a investigação do sumiço dessas crianças".

"Não descansaremos enquanto não elucidar esse fato. Existe uma conjunção de esforços para elucidar esse caso. Vamos dar uma resposta para esse caso. Tivemos a tortura e a expulsão de um morador da comunidade e isso mostra que o tráfico tentou se eximir do desaparecimento dos meninos. Estamos conjugando os esforços necessários para a elucidação do fato".

Vistos pela última vez em dezembro

Lucas Matheus, de 8 anos, Alexandre da Silva, de 10, e Fernando Henrique, de 11, foram vistos pela última vez no dia 27 de dezembro, quando foram para a Feira de Areia Branca, a cerca de três quilômetros de onde eles moravam.

Depois de quatro meses sem nenhum resultado nas investigações da DHBF, o Ministério Público do estado criou uma força-tarefa para tentar identificar o que aconteceu com as crianças .

No começo de março, o MP encontrou imagens de câmeras de segurança que mostraram que os garotos passaram pela Rua Malopia, no bairro vizinho. Essa prova só surgiu mais de dois meses depois do sumiço. A Polícia Civil já havia analisado o material e disse não ter encontrado nada.

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