O presidente Jair Bolsonaro admitiu nesta sexta-feira (23) que as Forças Armadas poderão ir às ruas para garantir a ordem no país caso a política de medidas restritivas adotadas por prefeitos e governadores contra a Covid-19 promova o que chamou de "caos". Em entrevista concedida à "TV Crítica", do Amazonas, Bolsonaro afirmou que, se preciso, o Exército será convocado para "restabelecer todo o artigo 5º da Constituição", que faz referência aos direitos individuais da população, como o de ir e vir ou a liberdade religiosa.
Na visão do presidente , as medidas que promovem o distanciamento social , como o fechamento do comércio, estariam descumprindo a Constituição, que garante as liberdades para o cidadão.
"O nosso Exército
, se precisar, iremos para as ruas não para manter o povo dentro de casa mas para restabelecer todo o artigo 5 da Constituição. E se eu decretar isso vai ser cumprido esse decreto. As Forças Armadas
podem ir para a rua sim. para fazer valer o artigo 5, direito de ir e vir, direito ao trabalho, liberdade religiosa, de culto, para cumprir tudo aquilo que está sendo descumprido por parte de alguns governadores, prefeitos", afirmou.
Em 12 de abril, nas suas redes sociais, o presidente já tinha feito uma referência ao que chama de "caos". Na ocasião, afirmou que "cada vez mais a população está ficando sem emprego, renda e meios de sobrevivência... o caos bate na porta dos brasileiros. Pergunte o que cada um de nós poderá fazer pelo Brasil e sua liberdade e... prepare-se".
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Durante a entrevista, Bolsonaro afirmou que, caso ocorra problemas com as políticas de quarentena , tem o plano de "como entrar em campo": "agora, eu não posso extrapolar. Isso que alguns querem, que extrapole. Estou junto com os 23 ministros, da Damares ao Braga Netto, praticamente conversado sobre isso daí: o que fazer se um caos generalizado se implantar no Brasil. Pela fome, pela maneira covarde que alguns querem impor essas medidas restritivas para o povo ficar dentro de casa. O caldo não entornou ano passado em função do auxílio emergencial".
O presidente afirmou, entretanto, que era manter o auxílio emergencial em R$ 600, valor que foi pago até o ano passado, em razõaa do endividamento crescente da máquina pública. Ao final da entrevista, Bolsonaro voltou a repetir que as medidas restritivas têm violado o artigo 5º da Constituição: "isso tem prejudicado a família brasileira. O número de suicídio tem aumentado, o desespero. Vamos temer o vírus mas o desemprego não pode ser abandonado".