Um dia após o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, negar que exista problemas com a China para obtenção de insumos para a produção de vacinas contra a Covid-19 no país, Jair Bolsonaro orientou o Itamaraty e tentar uma "linha direta" com o presidente chinês, Xi Jinping, para fazer um apelo pela liberação dos materiais.
Segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, interlocutores que acompaham as negociações dizem que o governo está apreensivo com os atrasos na liberação e os possíveis efeitos no já combalido cronograma de imunização do Brasil, que até o momento conta apenas com as doses da CoronaVac fabricadas pelo Instituto Butantan .
Nesta quarta-feira, o presidente do Instituto, Dimas Covas, confirmou que a produção está parada por conta da falta de matéria-prima : "Nossa previsão de chegada até o fim deste mês é de 5.400 litros. E mais 5.600 litros até o dia 10 de fevereiro. Essa matéria-prima está pronta e aguardando trâmite burocrático".
Tal burocracia, inclusive, é apontada por especialistas como a principal fonte de problema para a obtenção e produção de vacina no país. Ouvidos pela BBC, disseram que isso pode ser explicado pelas estratégias de política externa e pelo histórico recente da atuação do governo Bolsonaro em relação à Índia e à China.
Por isso, ainda de acordo com a reportagem, o tema é visto com extrema urgência e vital importância dentro do Planalto , que avalia a necessidade de um "contato de alto nível" para reverter a situação. Outro ponto avaliado é a atuação do próprio chanceler, que também seria visto como entrave nas conversas por conta de posicionamentos recentes contra a China .