Testemunha do acidente entre um ônibus e um caminhão que matou 41 pessoas nesta quarta-feira (25), em uma estrada do interior de São Paulo, na cidade de Taguaí, o vendedor Thalis Marques, de 28 anos, conta em detalhes o que viu.
Confira o depoimento:
Sou de Taguaí e acordo todos os dias bem cedo para vender produtos de veterinária para gado, nas cidades aqui da região. Saí de casa sozinho nesta quarta-feira por volta de 6h40, em direção a Itaí, a 40 quilômetros daqui.
Dez minutos depois de sair de casa já me deparei com a fila de carros parando na via. Desci para ver o que era, e o pessoal já veio dizendo que não valia à pena chegar perto, porque o cenário estava muito feio. O acidente tinha acontecido há pouco mais de 20 minutos.
Olhando de longe, dava para ver que havia um ônibus envolvido, e parecia que ele não estava muito avariado. Me falaram que ele transportava o pessoal da fábrica da Stattus Jeans, que fica em Taguaí, aí fiquei preocupado.
Lembrei que meu cunhado Vítor não só trabalhava na fábrica, como fazia todos os dias pela manhã aquele mesmo trajeto, de ônibus.
"Quando cheguei perto, nunca vou esquecer o que vi. Era um cenário de guerra, com pedaços do ônibus espalhados por todos os lados. Havia um pilha de corpos empilhados nos fundos do veículo".
O caminhão bateu no ônibus de frente, e foi empurrando todo mundo que estava nos bancos para trás. Era muita gente, muitos corpos, um em cima do outro. Só depois que fui saber que eram mais de 40 mortos, mas ali já dava pra ver o tamanho da tragédia.
Você viu?
Mesmo que meu cunhado estivesse ali, eu não ia conseguir identificá-lo, porque os corpos estavam presos nas ferragens, muita gente em cima uma da outra. Os motoristas dos outros carros já tinham coberto com pedaços de roupa os rostos mais aparentes.
Não sei o que o caminhão carregava, mas ele jogou muito dessa carga em cima das pessoas, um material de cor marrom, que grudava, não sei dizer o que era.
Minha esposa me ligou nessa hora para falar do acidente, eu disse a ela que já estava lá. Ela tava desesperada. “Calma, amor, vamos ver quem é”, disse a ela. Ela correu até a fábrica para saber se tinha alguma lista de vítimas, saber se o irmão dela estava ou não no ônibus.
Pouco depois, para nosso alívio, ele me ligou, dizendo que estava bem. Disse que viu o acidente, porque estava também em um ônibus a caminho da fábrica, mas à frente na estrada, pertinho da batida.
O pessoal falou que o motorista do caminhão quis podar (ultrapassar) outro ônibus na curva, e deu de cara com o caminhão. Uma outra pessoa falou que havia um quatro veículo, um outro caminhão muito devagar na pista, e que ao tentar podar ele, deu de cara com o caminhão. Ainda há muita informação desencontrada.
Nossa cidade é a capital do jeans e da confecção. A mão de obra das fábricas vem das cidades aqui da região. Não imaginava que agora fosse ficar conhecida por causa desse acidente horrível.
Conheço uma pessoa que morreu no acidente, mas a gente ainda não sabe o nome de todo mundo. Só vou saber se tinha mais conhecidos ou não no ônibus à noite.
A estrada é boa, não tem muita curva. É bem provável que o acidente tenha ocorrido por imprudência de motorista. O pessoal entrava para trabalhar às 7h, e aquele ônibus de funcionários já estava pertinho da cidade. Não tinha motivo pra colocar a vida do pessoal em risco.