As contas do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e da mulher dele, a dentista Fernanda Bolsonaro, receberam, entre abril de 2014 e agosto de 2018, R$ 295,5 mil em dinheiro vivo, por meio de 146 depósitos "sem origem conhecida", para pagar parcelas de um apartamento na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
O Ministério Público do Rio apontou a informação na denúncia, a que O Globo teve acesso, oferecida ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio. O documento reúne o resultado da investigação sobre o esquema de "rachadinhas" no gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
A denúncia afirma que "a conta bancária do denunciado Flávio Nantes Bolsonaro recebeu 141 (cento e quarenta e um) depósitos de dinheiro vivo em valores fracionados que somados representam o ingresso de R$ 275.500,00 em seu patrimônio sem origem conhecida", entre os dias 12 de junho de 2014 e 09 de agosto de 2018.
Flávio foi denunciado como líder da organização criminosa e ainda por peculato, lavagem de dinheiro. Outras 16 pessoas, entre elas seu ex-assessor, Fabrício Queiroz, apontado como operador do esquema, também foram denunciadas pelo MP.
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Os depósitos em questão foram identificados na quebra de sigilo bancário do senador e da mulher dele e, segundo a denúncia, "não encontram lastro em valores sacados nas contas do casal" e, portanto, "não provêm de suas fontes lícitas de renda, mas sim dos valores desviados da Alerj pelos 'assessores fantasmas', por intermédio de operadores financeiros".
Entre eles, o MP cita Queiroz, que integrou a equipe de Flávio, entre 2007 e 2018, enquanto ele exercia o mandato de deputado estadual pelo Rio.
Segundo o MP, o imóvel, de R$ 2,55 milhões, foi quitado com cheques, transferências e um financiamento bancário. Tanto a conta de Flávio quanto de sua esposa, Fernanda, foram utilizadas para fazer o pagamento.
No período de pelo menos duas semanas anteriores aos pagamentos de parcelas do crédito imobiliário realizados para pagar o apartamento, a conta de Flávio teria sido irrigada com depósitos fracionados de origem desconhecida, que seria o dinheiro oriundo das 'rachadinhas'.
Procurada, a defesa do senador Flávio Bolsonaro afirmou em nota que "em função do segredo de Justiça, a defesa está impedida de comentar detalhes, mas garante que a denúncia contra Flávio Bolsonaro é insustentável".