Durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o então vice-presidente Michel Temer (MDB) foi procurado por militares que estavam descontentes com o governo e as pautas das Forças Armadas, segundo Denis Rosenfild, filósofo e entrevistador do novo livro do presidente que assumiu após o impeachment.
Segundo Rosenfild, responsável pela entrevista com o ex-presidente no livro “A Escolha: Como um Presidente Conseguiu Superar Grave Crise e Apresentar Uma Agenda Para o Brasil” , os militares reclamaram do Programa de Direitos Humanos, discutiram a Lei da Anistia e pediram a promoção de integrantes do alto escalão. O contato não tratou do impeachment que viria a acontecer em seguida.
O filósofo foi articulador da reunião por ter boa relação com oficiais do Exército Brasileiro e o então vice-presidente. Em nota publicada no último dia 5, a ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que o relato confirma “ participação militar no golpe de 2016
”. Rosenfild diz que os militares não podem interferir no impeachment
, uma vez que ele é votado pela Câmara dos Deputados.
“As inconfidências de Temer sobre a realização de várias reuniões fechadas com o comandante do Exército e outro general são novos fragmentos de informação que, reunidos às revelações involuntárias de Romero Jucá, exatamente na mesma época, compõem um quadro indicando que o golpe que me destituiu da Presidência em 2016 não foi apenas parlamentar, midiático e judicial, mas também de natureza militar.”, diz a nota da ex-presidente Dilma.
“As confissões de Temer e Jucá se completam e se confirmam. Cometido o Golpe, na forma de um impeachment sem crime de responsabilidade, os militares com quem Temer se reuniu seguidas vezes enquanto se tramava a derrubada do governo ficaram ao lado do novo presidente – um deles mantendo o comando do Exército, o outro sendo nomeado chefe do Gabinete de Segurança Institucional”, finaliza.