Maiara de Oliveira da Silva, de 20 anos, permanece em estado muito grave. A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde e pelo pai da jovem, Alberon Sales da Silva. Segundo ele, a jovem, que está internada no Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, deve passar por uma cirurgia neste sábado. Na sexta-feira, ela fez uma hemodiálise.
— Ontem ela ia fazer uma cirurgia, mas os médicos me explicaram que o procedimento não poderia ser realizado naquele dia e que ela teria que fazer uma hemodiálise. Eles vão avaliar se ela pode fazer a cirurgia hoje. Ela está consciente, com os olhos abertos e mexendo os dedinhos do pé. Só não está falando. O médico disse que podemos conversar com ela, que ela nos ouve — explicou o pai da jovem, de 48 anos.
Maiara estava grávida quando foi baleada durante uma operação da Polícia Civil no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, na última terça-feira, dia 27. A gestação, de cinco meses, foi interrompida com a morte do bebê, na quarta-feira.
Apesar do estado de saúde delicado, Alberon afirma que a filha está respondendo bem ao tratamento.
— Na quinta-feira conversei com o cirurgião responsável pelo caso dela. Ele disse que ela está em risco ainda, mas vem reagindo bem aos medicamentos — conta o homem, que mora com a filha e com o genro na Maré:— Meu coração vai continuar apertado enquanto eu não ver minha filha de olho aberto, conversando... Mas estou muito confiante que ela vai sair dessa. As pessoas estão me mandando mensagens no Whatsapp, dizendo que estão orando por ela.
Maiara foi atingida no dia em que a Polícia Civil realizava uma operação no Complexo da Maré. O grupo alvo da polícia estaria envolvido na morte do menino Leônidas Augusto da Silva de Oliveira, de 12 anos, no último dia 10. E também os suspeitos de um assalto a um depósito do Grupo Pão de Açúcar, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ocorrido em junho. Na ocasião, dois vigilantes foram mortos.
O pai da jovem soube que a filha foi ferida quando estava passando na rua foi avisado de que ela havia sido baleada num beco na Favela Nova Holanda. Ao chegar ao local, viu a jovem sangrando muito.
A família de Maiara e a Polícia Civil apresentaram versões divergentes da sequência de acontecimentos da tarde de terça-feira, quando a gestante foi baleada. Segundo Alberon, não havia confronto na Nova Holanda no momento em que a filha foi atingida. Ele também questionou o fato de a polícia não ter utilizado um veículo da corporação no socorro.
Ao EXTRA, o coordenador da Core, delegado Fabricio Oliveira, explicou que, após a operação, houve uma emboscada a policiais que se preparavam para deixar a comunidade. Ao saberem que uma moradora havia sido baleada, dois agentes prestaram socorro e depois acompanharam a vítima até o hospital. Segundo a polícia, um táxi auxiliou no socorro porque no local só havia blindados, que são veículos lentos, e a situação era urgente.