Filho do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), o administrador Pedro Arthur, de 41 anos, decidiu assumir a vaga deixada pelo pai, que se licenciou do cargo por 121 dias após ser flagrado com dinheiro na cueca.
Com isso, ele terá direito à remuneração mensal de R$ 33,7 mil e todos os outros benefícios da Casa. A informação foi confirmada ao GLOBO pela assessoria de imprensa de Chico Rodrigues na noite desta quarta-feira (21).
Pedro Arthur, também do Democratas, disputou a última eleição, em 2018, como primeiro suplente na chapa do pai. Pelo regimento do Senado, eventuais substitutos dos parlamentares possuem o prazo de 30 dias para se apresentar. Se isso não acontecer no período determinado, é chamado o segundo suplente. Neste caso, o empresário Onésimo Cruz (PSDB).
A possibilidade da convocação do suplente de Chico Rodrigues foi possível após uma articulação de lideranças do Senado que queriam evitar a análise do caso no plenário da Casa e um eventual embate com o Supremo Tribunal Federal (STF). Inicialmente, o parlamentar pediu afastamento da Casa por 90 dias, o que o deixaria sem substituto.
A medida desagradou os senadores por ser revogável, e ficou acordado que a solicitação seria ampliada para 121 dias, período mínimo para convocação de suplente e irrevogabilidade da licença.
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Após a decisão, o presidente do STF, Luiz Fux, retirou da pauta o julgamento que discutiria a permanência do senador no cargo. Uma liminar de Luís Roberto Barroso ordenava o afastamento por 90 dias.
Nos últimos dias, Chico Rodrigues enviou um vídeo para os outros senadores para tentar justificar o motivo de ter escondido mais de R$ 30 mil na cueca. O agora senador licenciado afirma que a quantia é lícita e serviria para pagar funcionários de sua empresa, mas que agiu "por impulso" durante busca e apreensão da Polícia Federal (PF).
Também justificou que esperou alguns dias para prestar esclarecimentos porque estava "sem forças".
"Nunca tinha sido acordado pela polícia, acordei em meio a pessoas estranhas no meio quarto. Em um ato de impulso, protegi o dinheiro do pagamento das pessoas que trabalham comigo. Se levassem esse dinheiro, ninguém iria receber nessa semana. Não era dinheiro de corrupção", alegou.
Rodrigues demonstrou surpresa por ter sido acusado de integrar uma organização criminosa e afirmou que "jamais desviaria dinheiro público". Ele também pediu oportunidade para se explicar.
"Fui massacrado pelo meu silêncio, fui ridicularizado, fui humilhado. Jamais desviaria dinheiro público. Fiquei sem chão ao ser acusado de ser parte de uma organização criminosa. Meu deus. Nenhum centavo dessas emendas que me acusam de ter desviado foi empenhado, foi licitado ou outra coisa que valha. Permitam-me ao menos me explicar, não me condenem previamente", pediu.