Militantes bolsonaristas estão se articulando em grupos de WhatsApp para tentar derrubar o perfil no Instagram da campanha mundial lançada na semana passada que associa o presidente Jair Bolsonaro à destruição da Amazônia.
A reportagem apurou que, pelo menos desde este domingo, mensagens com instruções sobre como derrubar o perfil estão circulando por grupos que inclui bolsonaristas de todo o Brasil.
A campanha “defundbolsonaro”, algo como “desfinancie Bolsonaro” foi lançada mundialmente nas redes sociais na semana passada e tem o apoio de uma série de organizações não-governamentais como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e o Observatório do Clima, uma entidade que reúne pelo menos 52 outras ongs que atuam na defesa do meio ambiente.
O vídeo de lançamento da campanha diz que Bolsonaro permite a destruição da Amazônia que seria resultado de uma “infecção ecológica” criada por grandes corporações. O vídeo termina perguntando: “De que lado você está? Da Amazônia ou de Bolsonaro?”.
No perfil da Apib no Twitter, o vídeo já tem mais de 171 mil visualizações. O perfil da campanha no Instagram já tem mais de 6 mil seguidores e o vídeo já foi visualizado 27,4 mil vezes.
Nos grupos bolsonaristas, a reação ao vídeo e à campanha foi intensa e neste domingo, passaram a circular instruções sobre como derrubar o perfil.
“Caros, precisamos da colaboração de todos para derrubar de perfil (sic) @defundbolsonaro criado para destruir a imagem do Agro Brasileiro no exterior prejudicando nossa economia”, diz o início de uma mensagem.
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No decorrer dela, a orientação é denunciar a conta ao Instagram por divulgar informação falsa. A mensagem tem instruções detalhadas sobre como fazer a denúncia.
A postagem, no entanto, não diz que informação divulgada pelo perfil seria falsa. Em outra mensagem, mais sucinta: “Vamos denunciar e dar deslikes”.
A reação nos grupos bolsonaristas faz eco às manifestações de integrantes do governo ao lançamento da campanha como o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. No dia seguinte ao lançamento do vídeo, pelo Twitter, fez críticas à atuação de ongs.
“Brasileiros, com apoio de ONGs e capital estrangeiros, estão se mobilizando na Europa, em campanha contra o Gov Bolsonaro. Usam dados e argumentos mentirosos sobre a Amazônia e o Brasil. Ato impatriótico que prejudica o agronegócio, acordos comerciais e a imagem do País”, disse Augusto Heleno, também sem citar que informações seriam “mentirosas”.
Na sua live semanal, Bolsonaro também mostrou descontentamento com a atuação de ongs que criticam sua política ambiental. Ele chegou a compará-las a um “câncer”.
"Não consigo matar esse câncer em grande parte chamado ONG que tem na Amazônia", disse Bolsonaro.
O embate entre o governo e ongs que atuam na defesa do meio ambiente tem se acirrado nos últimos meses depois que os sistemas de monitoramento da região voltaram a apontar aumento tando das queimadas na Amazônia e no Pantanal quanto do desmatamento.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento na Amazônia entre agosto de 2019 e julho de 2020 aumentou 33% em relação ao período de agosto de 2018 a julho de 2019.