BRT
LUCIANO BELFORD/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
BRT tem quase metade das estações fechadas, por causa de vandalismo e violência

Morar praticamente em frente a uma estação do BRT Transcarioca não garante mais facilidade de deslocamento até o trabalho, na Barra da Tijuca, para a fisioterapeuta Clarisse Cruz, de 38 anos. A Guaporé, onde a passageira embarcaria é uma das 35 que estão fechadas por causa do vandalismo e/ou furto de equipamentos durante a pandemia.

Somadas às outras 20 do corredor Transoeste e a Otaviano, em Madureira, também do Transcarioca, desativadas há mais de dois anos por conta da violência, o sistema conta atualmente com 56 de suas 125 estações fora de serviço, ou seja, 44,8%.

"No meu trajeto vejo várias estações fechadas. Algumas por vandalismo, sem vidros e até mesmo em escombros. Perdi até as contas. É algo entre 12 ou 15, totalmente abandonadas, obrigando os passageiros, em alguns casos, a ter de se deslocar até outro bairro. Seria um transporte eficaz, pelo deslocamento rápido, não fosse esses problemas. Está difícil", reclama a passageira que precisa pegar um ônibus convencional até o terminal da Penha, onde embarca no BRT para completar o trajeto.

Além do transtorno, a fisioterapeuta precisa pagar mais uma passagem. A outra opção seria caminhar por cerca de meia horas até o terminal. Na volta, a dificuldade é a mesma. Ela desce no terminal da Penha e completa a viagem num carro por aplicativo, quando o marido não pode ir buscá-la. Segundo a passageira, nem as estações em funcionamento estão livre de problemas.

"Nas que estão abertas os problemas são a falta de manutenção, como máquinas de recarga de cartões quebradas e muito morador de rua", relaciona.

O jornal 'Extra' percorreu o corredor Transcarioca na manhã desta segunda-feira. No trecho da Penha até Madureira encontrou seis estações fechadas: Guaporé, Praça do Carmo, Vila Kosmos, Marambaia, Vila Queiróz e Otaviano. A maioria estava totalmente depredada. Das catracas aos vidros tudo foi furtado. Algumas serviam de moradias para os sem-teto.

"No sentido Curicica, a maioria das estações está fechada. As pessoas reclamam muito dos transtornos. A Otaviano, por exemplo até hoje não reabriu. Ela fica em frente ao Colégio Carmela Dutra e quem estuda lá é obrigado a uma caminhada de até 15 minutos até a Mercadão, que é a mais próxima", se queixa a atendente de telemarketing Myllena Sanfront Mota da Costa, de 18 anos, moradora em Guadalupe.

A maior parte das estações vandalizadas fica no Corredor Transcarioca. São 17, no total. Outras 14 estão no Transoeste e quatro no Transolímpica. No eixo da Avenida Cesário de Melo, em Santa Cruz, do Transoeste, apenas duas das 22 estações que estavam desativadas por conta da violência e vandalismo na região voltaram a funcionar depois da intervenção da Prefeitura no sistema, que durou seis meses.

Uma das promessas na época era a reabertura do trecho. Ele voltou a funcionar, mas apenas o terminal de Campo Grande e a estação Santa Efigência passaram por obras e reparos para receber os passageiros. As outras 20 seguem abandonadas, mais de um ano depois do fim da intervenção.

Segundo o Consórcio BRT, desde abril, cerca de cem estações foram alvo de vandalismo, sendo que atualmente 35 encontram-se desativadas por esse motivo. As que foram fechadas em razão da pandemia não apresentam condições de reabertura porque foram depredadas, segundo o consórcio.

Os casos de vandalismo são quase que diários. Os ataques mais recentes ocorrem neste fim de semana, nas estações Riomar e Gláucio Gil, do Transoeste; Morro do Outeiro e Ilha Pura, do Transolímpica; e Taquara, do Transcarioca.

A primeira estação Riomar chegou a ficar fechada por causa de vandalismo e furto de equipamentos considerados essenciais para o seu funcionamento. A bilheteria foi depredada pelos vândalos que também furtaram cabos elétricos.

Na noite de sábado, a equipe do Proeis (Programa Estadual de Integração de Segurança), que atua no sistema, flagrou dois homens furtando o arda-corpo da estação do Morro do Outeiro. Pela manhã, os agentes prenderam três pessoas que furtavam cabos na estação Ilha Pura.

O Consórcio BRT informou que apesar do momento de dificuldade financeira que atravessa iniciou um cronograma de reforma de estações e melhorias. "Ao todo, 17 estações já passaram por intervenções. As obras incluem o fechamento do acesso ao forro e à cobertura, pintura, nova rede elétrica, reforço na iluminação e sinalização.

A nova estrutura que vem sendo utilizada na revitalização impede que ambulantes e moradores de rua guardem objetos na parte superior da estação, além de proteger o cabeamento elétrico com condutores de metal. A iluminação também é reforçada com mais refletores", diz a nota.

Na área da segurança, o consórcio diz ter firmado convênio com o Proeis e, desde o início do ano já foram efetuadas 58 prisões. "Cabe ressaltar que a segurança em terminais e estações é atribuição do poder público, conforme estabelece a legislação. As ações dos operadores de estação do BRT Rio são em caráter de orientação aos passageiros para as operações do sistema.

Ou seja, eles não têm poder de polícia. O BRT Rio precisa de um auxílio da Guarda Municipal para complementar a atuação do Proeis e coibir os delitos e crimes que estão ocorrendo em nossas estações quase que diariamente" informou o BRT por meio de nota.

A Secretaria Municipal de Transporte também foi procurada, mas ainda não respondeu,

Estações fechadas por vandalismo

BRT Transoeste: Riomar, General Olímpio, Cajueiros, Vendas de Varanda, Embrapa, Dom Bosco, Recanto das Garças, Guiomar Novaes, Nova Barra, Benvindo de Novaes, Guignard, Gelson Fonseca, Golfe Olímpico e Bosque da Barra;

BRT Transolímpica: Catedral do Recreio, Tapebuias, Outeiro Santo e Minha Praia;

BRT Transcarioca: Praça do Bandolim, Recanto das Palmeiras, André Rocha, Pinto Teles, Vila Queiroz, Marambaia, Vila Kosmos, Praça do Carmo, Ibiapina, Rede Sarah, Santa Luzia, Guaporé, Cardoso de Moraes, Olaria, Pedro Taques, Divina Providência e Arroio Pavuna.

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