Deputados da Alerj vão convocar Pastor Everaldo, presidente nacional do PSC, partido do governador Wilson Witzel, para prestar depoimento na Comissão de Saúde e Fiscalização de Ações de Combate ao Covid, que vem investigando as acusações de desvios em contratos e compras realizadas durante a pandemia.
Além dele, serão também convocados Edson Torres, que em delação do ex-secretário de Saúde Edmar Santos foi apontado como operador financeiro do grupo de Pastor Everaldo, e dois nomes envolvidos nas relações com a Unir: Marcos Augusto, que seria o chefe da Organização Social, e José Carlos Paes, que integrou o conselho administrativo da Unir e depois foi nomeado superintendente da Secretaria estadual de Saúde (SES).
Nesta quarta, os deputados ouviram os depoimentos de Luiz Claudio Costa, ex-diretor financeiro da Unir, e Ana Cristina Costa, ex-advogada da OS. Ao final da sessão, os parlamentares deliberaram a convocação dos novos quatro nomes. Procurado, Pastor Everaldo respondeu que "está à disposição da Comissão de Saúde da Alerj e das demais autoridades e reitera sua confiança na Justiça".
A possível relação de Pastor Everaldo nos bastidores de contratos da Secretaria de Saúde é um assunto frequentemente levantado pelos parlamentares da comissão. Seu filho, Felipe Pereira, assessor especial do governo, já participou de reuniões sobre decisões da pasta no Palácio Guanabara.
A sugestão da inclusão de Pastor Everaldo e Edson Torres partiu do deputado Renan Ferreirinha (PSB), relator da Comissão. Ainda não há datas para os depoimentos.
"Há vários indícios de que Pastor Everaldo exerce forte influência no governo, em especial na Secretaria de saúde. Ele é presidente nacional do partido do governador e patrão da primeira dama (Helena Witzel é advogada do PSC). Já o Edson Torres tivemos a informação contundente, na delação do Edmar Santos, de que ele é operador financeiro do pastor. Precisamos ouvir o máximo de atores envolvidos nessa história".
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A audiência de representantes da Unir, Organização Social (OS) investigada pelo Ministério Público Federal e que foi requalificada pelo governador Wilson Witzel mesmo contra pareceres jurídicos internos, revelou novas evidências de ligações entre a OS e o governo do Rio. José Carlos Rodrigues Paes é ex-integrante do conselho administrativo da Unir foi nomeado, em julho, superintendente da Secretaria estadual de Saúde (SES).
Além disso, ele é casado com a advogada que peticionou o recurso administrativo da Unir no processo de desqualificação da OS, em outubro do ano passado. Procurada, a SES respondeu que Paes pediu exoneração nesta terça (18).
A Unir foi requalificada em março deste ano, em decisão do governo que contrariou dois pareceres jurídicos, da Secretaria de Casa Civil e da SES, que detalhavam falhas na prestação de serviços da OS e encontraram 52 irregularidades. Segundo investigações do MPF, a Unir teria o empresário Mario Peixoto, preso na Operação Favorito, como sócio oculto.
Nesta quarta, dois ex-funcionários da Unir - o ex-diretor financeiro Luiz Claudio da Costa e a sua irmã e advogada Ana Cristina Costa - prestaram depoimento à Comissão de Saúde e de Fiscalização de Ações de Combate ao Covid da Alerj. Em maio, a Unir voltou a ser desqualificada pelo governo
Servidor do Ministério da Saúde, José Carlos Rodrigues Paes integrou o conselho da Unir de novembro de 2019 a janeiro de 2020. Em julho, ele foi cedido à SES, em cargo que ocupa atualmente na Subsecretaria de Atenção Básica.
Paes é casado com Ana Cristina Costa, advogada que representou a Unir até o início do ano, e peticionou o recurso administrativo contra a desqualificação da OS, em outubro de 2019. Ademais, Ana Cristina é irmã de Luiz Claudio da Costa, ex-diretor financeiro da Unir, e que foi apontado como "manda-chuva" da OS pelo ex-diretor executivo Marcus Velhote. Aos deputados, Costa negou essa atribuição.