Em trechos da sua delação ao Ministério Público Federal , o ex-secretário de saúde do Rio Edmar Santos disse ter sido ameaçado na cadeia por um tenente chamado Cabana.
Ele teria lhe dado o recado para que trocasse de advogado, uma condição para que o grupo não o abandonasse. Edmar acredita que isso teria sido uma ameaça ou um aceno de apoio financeiro do grupo do Pastor Everaldo, presidente nacional do PSC, e do empresário Edson Torres. Ambos foram citados pelo delator como grandes influentes externos no governo Wilson Witzel. As informações são de reportagem deste sábado do RJTV1, da TV Globo.
A suspeita de Edmar de que o recado viria deste grupo seria porque a mesma prática já havia sido adotada por eles com o ex-subsecretário de Saúde Gabriell Neves. Ele disse ainda que um sargento o sondou diversas vezes, ainda na prisão, sobre as informações que ele daria na delação. Segundo o ex-secretário, este sargento seria ligado ao deputado estadual Marcio Canela, do MBD, ex-vice prefeito de Belford Roxo, e de outros políticos.
Em outros trechos da delação, que possui pelo menos 33 anexos, Edmar disse que Ramon de Paula Neves, ex-subsecretário de Desenvolvimento Rural da Secretaria Estadual de Agricultura, indicou Mariana Scardua como subsecretária na Saúde. Ainda segundo ele, Ramon é ligado ao empresário Mário Peixoto e ia pessoalmente na Secretaria de Saúde pressionar pela contratação das suas empresas, além de reclamar do controle exercido pelo Pastor Everaldo , presidente do partido de Witzel, na secretaria.
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A defesa de Witzel diz que os comandos e as ações foram confiados aos seus respectivos secretários, escolhidos de forma técnica, e a ninguém mais. Na saúde, o nome foi escolhido pelo conhecimento de Edmar do sistema de saúde do estado. A defesa diz ainda que não tem como comentar uma delação que não teve acesso ainda.
Deputado Marcio Canela, do MDB, disse que não sabe quem é o sargento citado na delação e que nunca foi ao presídio.
Ramon Neves diz que recebe com surpresa a citação do nome dele na delação e que jamais teve qualquer conversa com Edmar Santos no sentido citado pela delação. Diz ainda que defendeu apenas o interesse público.
Pastor Everaldo disse que desconhece o teor da delação do Edmar Santos, mas reitera à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários.