O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) foi às ruas hoje para reivindicar a liberação de recursos para moradia e, principalmente, protestar pelo fim dos despejos e das reintegrações de posse durante a pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2). A organização estima que pelo menos cinco mil pessoas marcharam em direção ao Palácio dos Bandeirantes nesta tarde de quinta, 30. O movimento respeitou o distanciamento social e distribuiu máscaras de proteção individual e álcool gel para aos participantes.
O grupo se concentrou na Avenida Francisco Morato às 14h30, em frente à estação São Paulo-Morumbi, e seguiu em direção ao Palácio do Governo de São Paulo respeitando o distanciamento mínimo de 1,5 metro. No Twitter, o coordenador nacional do MTST , Guilherme Boulos declarou “É inaceitável que, em plena pandemia, a população mais pobre de São Paulo fique desabrigada”.
Em entrevista ao UOL, Boulos ilustrou a agonia dos participantes. “Essa marcha só ocorre, como último recurso, porque as pessoas estão desesperadas
. Muitas correm o risco de serem jogadas na rua nas próximas semanas, ou seja, de perderem o seu teto em meio à pandemia, se os despejos e as reintegrações de posse não forem suspensos”, disse.
Parte da coordenação do MTST , Jussara Bastos disse que a manifestação é uma denúncia contra o estado de São Paulo, que não está cumprindo os acordos feitos com o Movimento. “Temos um orçamento de R$ 55 milhões para as ocupações, que não foram liberados ainda”, relatou.
REPRESSÃO
O desejo dos manifestantes era que a administração João Dória (PSDB) recebesse o movimento para diálogo, já que até então a medida adotada pelo governador foi congelar os recursos para moradia. Após horas de manifestação pacífica do MTST, a Polícia Militar de São Paulo repreendeu a passeata com bombas de gás.
As bombas de gás foram lançadas quando o grupo alcançou a altura do estádio Cícero Pompeu de Toledo, com o objetivo de impedir que os manifestantes se aproximassem do Palácio dos Bandeirantes. Parte do movimento se dispersou e os intoxicados pelo gás foram atendidos por membros do MTST .
O secretário de Habitação de São Paulo recebeu uma comissão para que as demandas fossem apresentadas.
DESPEJO ZERO
A Marcha Contra os Despejos e Pela Moradia faz parte da campanha Despejo Zero, que tem como objetivo pressionar o Executivo, Legislativo e Judiciário para impedir os despejos e reintegração de posse.
"A principal orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter a disseminação do coronavírus é o isolamento social. Apesar desta medida ser a mais eficaz para que a contaminação não se alastre ainda mais, os despejos individuais, coletivos e remoções forçadas continuam em plena crise sanitária", diz a Central de Movimentos Populares (CMP) em nota.