Genral Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde
Marcos Corrêa/PR
Genral Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde

Eduardo Pazuello , ministro interino da Saúde, declarou que a testagem não é essencial para o controle da pandemia do novo coronavírus (Sars-coV-2). Na contramão da OMS, que coloca a aplicação de testes como essencial no combate à Covid-19 , ele crê que o diagnóstico feito pelo médico permite um tratamento antecipado e, possivelmente, mais eficaz .

Por isso, em entrevista à revista Veja , que foi ao ar nesta sexta-feira (17), ele teceu críticas à estratégia inicial do ministério, quando ainda era comandado por Luiz Henrique Mandetta , de não recomendar a busca por atendimento médico de quem tinha sintomas leves. 

"Não [testagem não é essencial]. O diagnóstico é clínico, é do médico. Pela anamnese, pela temperatura, por um exame de tomografia, por uma radiografia do pulmão, por exame de sangue, podendo até ter um teste. Criaram a ideia de que tem de testar para dizer que é coronavírus. Não tem de testar, tem de ter diagnóstico médico para dizer que é coronavírus. E, se o médico atestar, deve-se iniciar imediatamente o tratamento", disse Pazuello. 

Na última semana, o ministério da Saúde  mudou o protocolo de combate à pandemia no Brasil, orientando pacientes a procurarem médicos mesmo com sintomas leves. Antes, a recomendação era esperar a agravação dos sintomas para atendimento e assim evitar uma sobrecarga nos hospitais.

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"No início, a população foi orientada a permanecer em casa mesmo com os sintomas da covid. E era para ficar em casa até sentir falta de ar. E, quando você tivesse falta de ar, ainda diziam para segurar mais um pouquinho. Matamos quantas pessoas com isso? Loucura. O porcentual de morte sobe para 70% ou 80%. E isso não está dito em lugar nenhum, principalmente por quem agora nos critica", continuou ele.

Questionado diretamente se a referência era a Mandetta, Pazuello disse que a postura pode ter relação com uma "curva de aprendizagem" da doença e que não diria que "ele estava errado ou teve dolo".

"Ele imaginava que a melhor coisa era ficar em casa até passar mal. Não vou dizer que ele estava errado ou que teve dolo. Na época era o que tinha de certo. Isso é a curva de aprendizagem. É uma doença nova, o Ministério da Saúde não tinha conhecimento do tratamento precoce, dos medicamentos que davam certo ou não e sobre quais medidas funcionavam. Ele fez um protocolo, e isso teve de ser modificado. Agora é tratamento imediato, nada de ficar em casa doente. E o diagnóstico é do médico, não do teste", disse.

A OMS e a visão mundial

Em contraste, desde o início da pandemia, a OMS adota em suas recomendações a testagem. O diretor-geral da entidade, Tedros Ghebreyesus, disse à época: "Nós temos uma mensagem simples para os países: testar, testar, testar. Teste todo caso suspeito". 

Casos bem sucedidos de países que controlaram o avanço da doença, como Coreia do Sul e Alemanha, tiveram a aplicação de testes como uma das prioridades para identificar casos, isolar pacientes e rastrear a expansão da Covid-19

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