Tráfico da favela Az de Ouro usou redes sociais por dois meses para anunciar ataques
Redes sociais / Reprodução
Tráfico da favela Az de Ouro usou redes sociais por dois meses para anunciar ataques

Traficantes do Complexo do Chapadão, na Pavuna, Zona Norte do Rio de Janeiro anunciaram, em diversas postagens nas redes sociais, que iriam invadir a favela Az de Ouro, em Anchieta, onde uma chacina deixou cinco pessoas mortas na madrugada do último domingo . As ameaças foram todas postadas nos últimos dois meses por integrantes da maior facção do Rio. As quadrilhas rivais que dominam as favelas disputam o controle da região desde 2017. A principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios (DH) para as mortes é a guerra entre as facções.

"Vamos voltar para casa", diz uma das postagens, feita em 1º de maio, que já foi identificada pela polícia. "Az de Ouro e Tatão é questão de honra", diz outro texto, postado no último dia 23, que também cita o Tatão, favela vizinha ao Az de Ouro, em Anchieta. A polícia trabalha com a hipótese de que o alvo do ataque era um traficante que estaria na festa.

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Um áudio gravado por um morador da região — que também já está com os investigadores — também denuncia a guerra entre as quadrilhas: “O negócio ficou feio. Tive que voltar de marcha à ré. Ali era uma tragedia anunciada. Esses malucos ficam mandando recadinho para os moleques do outro lado, falando que vão invadir, matar, fazer e acontecer”.

Segundo testemunhas contaram à polícia, quatro homens portando fuzis saltaram atirando de um carro preto em direção a frequentadores de uma festa junina que acontecia no condomínio Jamaica, na Rua Ernesto Vieira, um dos acessos da Az de Ouro. Os criminosos teriam saído do Chapadão em direção ao local a bordo de um Fiat Siena.

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Pai e filha foram baleados durante a chacina. Rayanne Lopes, de 10 anos, chegou a dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ricardo de Albuquerque, mas não resistiu aos ferimentos. Já seu pai foi transferido para o Hospital municipal Souza Aguiar, foi operado e está em estado estável.

A página do colégio onde Rayanne estudava, a Escola Municipal Guilherme Tell, publicou uma mensagem de luto pela morte da menina. "Hoje toda a nossa comunidade escolar chora a perda prematura de nossa aluna Rayanne, uma menina doce, amiga, carinhosa e que tinha o coração cheio de sonhos. Sonhos que foram brutalmente interrompidos devido à violência em nosso bairro", diz o texto.

Além da criança, as outras vítimas são Yuri Lima Vieira e Yan Lucas Soares Gomes, ambos de 23 anos, Josué de Oliveira Xavier, de 20, que, segundo a Secretaria estadual de Saude, já chegaram mortos à unidade. Antônio Marcos Barcelos Pereira Júnior, de 22 anos, chegou a ser transferido para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas morreu na manhã deste domingo. Os feridos foram transferidos para os hospitais municipais Salgado Filho, Lourenço Jorge, Pedro II, Souza Aguiar e Evandro Freire.

Em nota, a Polícia Civil alegou que não fará operações para prender os responsáveis por conta da decisão liminar do ministro Edson Fachin, do STF, proibindo operações em favelas. "Qualquer ação policial na localidade para a prisão dos responsáveis por mais esse crime bárbaro, necessitará de forte aparato operacional, com emprego de blindados e helicópteros para resguardar a integridade física dos policiais responsáveis pelas investigação, o que não poderá ser realizado no momento, diante de decisões judiciais que restringem as operações policiais e o sobrevoo da nossa aeronave em comunidades num raio de dois quilômetros de distância de escolas e creches, ainda que fechadas, e hospitais", diz a nota da Polícia Civil.

Ainda segundo a Polícia Civil, "as lideranças narcoterroristas que participaram desse covarde ataque estão sendo identificadas e serão responsabilizadas criminalmente".

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