O Brasil chegou ao número de 50 mil mortes por Covid-19 no sábado (20). Mas, ao menos outras 21.289 delas estão sob suspeita de terem sido causadas pelo novo coronavírus desde o início do ano.
Os dados que permitem essa conclusão vêm do Sivep-Gripe, sistema utilizado pelo SUS para notificar e acompanhar os casos suspeitos que chegam aos hospitais e postos de saúde, e foram analisados pela empresa de consultoria Lagom Data a pedido do jornal o Globo.
Essas mortes foram atribuídas, ao menos por enquanto, à síndrome respiratória aguda grave (SRAG) “inespecífica”, de origem não identificada. O termo é usado quando um paciente tem sintomas de síndrome gripal que se agrava, e depende de investigação para apontar agente causador.
Se o agente é apontado (influenza, Covid-19, bactéria etc.), o registro é “específico”. Quando não, o registro fica “sem indicação”.
De acordo com a reportagem do Globo, de janeiro a maio de 2020, o Brasil registrou 16 vezes esse diagnóstico em comparação com a média dos sete anos anteriores.
Já os casos de SRAG específica se mantêm na média. O dado de maio ainda não está consolidado, pois ainda há mortes em investigação, mas já mostra disparidade.
A cada 10 mortes computadas por Covid-19 no Brasil, 8 são registradas como Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) sem causa determinada. A alta pode indicar subnotificação de mortes pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2)
Entenda
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Os dados fazem parte das fichas de pacientes enviadas pelos hospitais para o Ministério da Saúde e foram publicados pela Piauí.
No Acre, para cada 10 vítimas da Covid-19, há apenas 1 vítima de SRAG indeterminada. Em Minas Gerais, 45, no Paraná, 51 e, No Mato Grosso do Sul, 87.
O alto índice de mortes por SRAG pode estar maquiando os números de óbito por Covid-19. Mato Grosso do Sul e Minas Gerais são os estados com a menor taxa de mortes por Covid-19 do país. No Mato Grosso do Sul, a Covid-19 matou 8 pessoas por milhão de habitantes, mas, somando óbitos por SRAG indeterminada, a taxa vai para 73. Em MG, taxa sobe de 17 para 92.
A faixa etária das vítimas de Covid-19 e de SRAG indeterminada também é idêntica: 7 de cada 10 têm 60 anos ou mais. Antes da pandemia, porém, os idosos eram a menor parte dos mortos por SRAG em geral e também a menor parte dos mortos por Srag indeterminada. Em 2019, apenas 4,6 de cada 10 vítimas de SRAG indeterminada tinham 60 anos ou mais.
O número de mortes incógnitas por SRAG. Porém, este ano, o número explodiu no Brasil, chegando a 13 vezes a média dos cinco anos anteriores, nesse mesmo período. Em outras palavras, para cada 1 pessoa que normalmente morria de SRAG indeterminada, em 2020 morreram 13.
Outro fator que aponta para a subnotificação é o fato de a SRAG indeterminada crescer ainda mais nas regiões mais afetadas pela pandemia. No Norte, região de maior taxa de Covid-19 por habitante do país, a cada 1 pessoa que normalmente morria de SRAG indeterminada, morreram 23 este ano. No Sul, que tem a menor taxa, foram 6.
A Covid-19 chegou ao Brasil na oitava semana do ano, isto é, final de fevereiro. Sete pacientes que começaram a sentir sintomas naquela semana acabaram morrendo. Também na oitava semana, 78 pessoas desenvolveram sintomas e faleceram por síndrome respiratória aguda com causa indeterminada. Desde então, a curva de crescimento das duas causas de morte é ascendente. Na 18ª semana, foram 4,7 mil mortes por Covid-19 e 2,8 mil por SRAG sem causa específica.
Fonte: undefined - iG @ https://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2020-06-16/brasil-tem-8-mortes-por-srag-indeterminada-a-cada-10-por-covid-19.html