O Brasil completa nesta quarta-feira (17) três semanas com o ritmo de registro de mortes por Covid-19 entrando em estabilização. Quando se considera uma média semanal de óbitos (para descontar os atrasos de notificação dos finais de semana), desde o dia 26 de maio o país está em um patamar médio de 985 vítimas por dia, sem oscilar mais que 6% desse valor.
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Nos gráficos epidemiológicos, o número de casos e mortes assume aos poucos a forma de platô — o que, em outros países, representou o pico da ocorrência de Covid-19 . Essa realidade, no entanto, esconde diferenças locais. Enquanto os estados onde a pandemia chegou antes, Rio de Janeiro e São Paulo, puxam a tendência de estabilização, outros, como Paraná e Paraíba assistem a epidemia começando a ganhar impulso. O retrocesso de um lado anula o avanço de outro na média nacional.
O Brasil confirmou nesta terça-feira 1.338 novos óbitos por coronavírus, chegando ao total de 45.456 . Foi o segundo maior número de mortes em 24 horas desde o início da pandemia, há três meses, atrás apenas do registrado no último dia 4 (1.470 ocorrências). O levantamento é assinado pelo consórcio de veículos de imprensa formado por O GLOBO, Extra, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo, comprometido em fazer uma contagem independente das estatísticas da epidemia.
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O estado do Rio chega até a insinuar uma queda um pouco mais clara no número de mortes por dia na última quinzena, passando de aproximadamente 200 para 140. São Paulo , no entanto, não conseguiu rebaixar este patamar da mesma forma.
O comportamento desordenado do coronavírus Brasil afora deve-se às proporções continentais do país. Grupos de estudo e modelagem da Covid-19 avaliam que há vários focos de epidemia no território nacional. No eixo Rio-São Paulo, por exemplo, a maior preocupação é o registro de casos nos municípios do interior, onde há baixa capacidade de testagem e infraestrutura hospitalar precária para o atendimento a pacientes. Já a disparada na curva de óbitos dos estados do Sul seria explicada pelo fato de que a região foi a última a ser acometida pelo coronavírus.
"Em um país de nosso tamanho, cada cidade e estado reagirão de maneira única. Devemos ter diretrizes nacionais para uso de testes, mas as medidas de contenção e o relaxamento (para circulação de pessoas) serão decididas regionalmente", explica a microbiologista Natalia Pasternak, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
Outro desafio, segundo Pasternak, é a subnotificação. Em Minas Gerais, por exemplo, houve um aumento desproporcional no diagnóstico de síndrome respiratória aguda grave e um registro tímido de Covid-19 — ambas as doenças têm sintomas semelhantes.
As medidas tomadas recentemente por governantes, como a reabertura de shoppings no Rio e em São Paulo , podem acentuar a quantidade de contaminações e, em algumas semanas, dado o tempo necessário para a incubação do vírus, também o número de óbitos.