Mesmo com a queda no número de casos diários de Covid-19 na cidade do Rio, a capital, que nesta quarta-feira entrará na segunda fase do plano gradual de flexiblização — com a volta de escritórios, das lojas de móveis e decoração, e do calçadão da orla, por exemplo —, não depende mais das próprias pernas para prosseguir na retomada do processo de reabertura das atividades econômicas, de acordo com o prefeito Marcelo Crivella.
LEIA MAIS: São Paulo cancela compra de respiradores que gerou investigação
Nesta terça, Crivella , que apresentou em coletiva o que passará a valer já a partir de quarta, afirmou que, se não houver um aumento na oferta de leitos de UTI e enfermaria pelo governo do estado na Região Metropolitana, isto pode comprometer a estratégia do município para enfrentar a pandemia, inclusive a tentativa de antecipar próximas etapas do processo. Isso porque um dos indicadores adotados é a taxa de ocupação de vagas para pacientes que se recuperam da doença e elas estão em falta, principalmente em hospitais de campanha que estavam a cargo do estado e que não abriram até hoje.
Os leitos da cidade do Rio de Janeiro são regulados para atender às demandas de boa parte da chamada Região Metropolitana I que engloba não apenas a capital como outras 11 cidades: Belford Roxo, Duque de Caxias, Itaguaí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçú, Queimados, São João do Meriti e Seropédica. Para tentar reduzir a pressão sobre a capital e tentar acelerar a reabertura, a prefeitura está emprestando 180 respiradores e outros equipamentos de modelos mais antigos (substituídos por equipamentos recém importados da China) para que essas cidades abram novas vagas para pacientes com o novo coronavírus.
"Existe (o risco) . Se houver problemas na Região Metropolitana e lotarem nossos leitos aqui, vai trazer problemas para as próximas fases. Apesar de hoje, nossos indicadores nesse momento criarem até a expectativa de antecipar a abertura de algumas atividades da fase 3 (prevista apenas para o dia 1º de julho) , Nós estamos cedendo equipamentos, embora eu não possa antecipar quais seriam", disse Crivella, durante uma cerimônia de entrega de novos equipamentos para o Hospital Pedro II, em Santa Cruz.
Veja o que volta a ser permitido na fase 2, que passa a valer nesta quarta:
- Lojas de móveis e decorações
- Concessionárias e agências de automóveis
- Shoppings, das 12h às 20h (com limitação de 1/3 do estacionamento)
- Alimentação (só para delivery, drive thru e take away)
- Ambulantes
- Escritórios em geral
- Hotéis e hostels
- Calçadão da orla, praças e parques para atividades físicas
- Praia para esportes aquáticos individuais
- Voo livres individuais
- Consultórios e clínicas médicas e odontológicas (com agendamento prévio)
- Venda de ingressos online ou em caixas de autoatendimento para drive in
- Atividades de construção e reforma de casas e prédios e construção naval
- Centro de treinamento esportivos abertos para treino, sem público
- Competições esportivas com portões fechados
- A reabertura dos shoppings, inicialmente prevista para esta fase, foi antecipada pelo prefeito Marcelo Crivella para o dia 11 de junho, véspera dos Dia dos Namorados.
Todas as atividades, no entanto, devem seguir as chamadas "regras de ouro":
- Uso de máscaras em locais públicos
- Constante higienização das mãos com água e sabão, ou álcool gel;
- Álcool gel também deve estar disponível nas áreas de circulação;
- Deverá ser respeitada uma distância mínima de dois metros (com marcações no chão);
- Ambientes arejados com portas e janelas abertas; se houver climatização do ar deve ter manutenção constante;
- Equipes de limpeza e funcionários deverão trabalhar com equipamentos de proteção individual
- Higienização dos espaços deve ser feita a cada três horas; limpeza imediata após o uso; e faxina completa ao fim do dia;
- Reforçar a etiqueta respiratória (como tossir e espirrar usando braços como proteção);
- Pessoas com sintomas devem ser encaminhadas à assistência médica;
Estado segue em alerta: Contágio cai na capital, mas Covid-19 preocupa no interior
Você viu?
Ao todo, a prefeitura conta com sete parâmetros que orientam a passagem das fases, que são divididas em seis etapas, com intervalos de 15 dias entre elas. O Rio ainda está no início desse processo, tendo antecipado parte da fase 2 (que oficialmente passa a valer a partir desta quarta-feira) com a reabertura dos shoppings centers na semana passada. Nesta terça-feira, a ocupação média de leitos de UTI já atenderia aos parâmetros da fase 4, enquanto que a quantidade de novas internações já apresentaria cenário suficiente para a implementação da fase 5 do planejamento.
A secretária municipal de Saúde, Ana Beatriz Busch, disse que a prefeitura conta com a abertura dos hospitais de campanha para reduzir a pressão por leitos. A outra frente para minimizar a falta de leitos passa pela cessão de equipamentos para abrir vagas nas cidades vizinhas:
"Nosso planejamento levou em conta a oferta de mais vagas pelo estado, inclusive pelos hospitais de campanha. Eles são essenciais", disse Beatriz Busch.
O estado planejava abrir sete hospitais de campanha com mais de mil vagas, dos quais, quatro na Região Metropolitana I: Maracanã, São Gonçalo, Nova Iguaçu e Duque de Caxias. Desses, apenas o Maracanã foi entregue e, mesmo assim, funciona apenas parcialmente. As outras unidades projetadas ficam nas cidades de: Nova Friburgo, Campos dos Goytacazes e Casimiro de Abreu. O atraso nas obras, que deveriam ter sido concluídas no fim de abril, ocorreu em meio à denúncias de superfaturamento e fraudes no processo de contratação da Organização Social (OS) Iabas para fazer a gestão das unidades. A Fundação Estadual de Saúde assumiu a gestão do hospital do Maracanã e das outras unidades.