O pai do adolescente João Pedro Matos Pinto , o comerciante Neilton Matos voltou a afirmar, na manhã desta quarta-feira, que os argumentos da Polícia Civil para o que aconteceu na casa de lazer da família na Ilha de Itaoca, em São Gonçalo, que culminou na morte do menino, são forjados . Em entrevista virtual ao programa Fátima Bernardes, conduzido na manhã desta quarta-feira pela jornalista Patrícia Poeta, Neilton disse que criminosos não invadiram a residência , como a polícia diz.
"A polícia quer forjar uma situação. Não tinha bandido . Entraram na casa e tacaram duas granadas. Além dos tiros. Só tinha adolescentes de família ", afirmou.
A Polícia Civil havia dito que policiais civis da Core estou atrás de um bando de traficante que invadiu a residência e jogou granadas e disparou tiros contra os agentes. E que os policiais revidaram.
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Matos também disse que seu filho estava onde deveria estar quando foi atacado.
"Sabemos que morar em comunidade não é fácil. Sabemos viver aqui dentro. Mas quem tirou o sonho do meu filho foi a polícia. João Pedro não estava na rua em confronto. Estava dentro de uma casa, de um lar familiar. Ninguém tem o direito de entrar na casa de alguém e tirar a vida de um jovem de 14 anos", lamentou. " Arrancar um filho de dentro da gente não tem explicação. Você cria, ensina, dá amor, divide sonhos e tiraram ele de mim", disse.
Nesta quarta-feira, o delegado Allan Duarte, da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, que investiga o caso, disse ao "RJTV" que já ouviu o depoimento de três policiais civis, duas testemunhas e que ainda hoje receberá um dos pilotos do helicóptero que levou o menino para Lagoa Rodrigo de Freitas também para ouvi-lo. Segundo o delegado, os policiais descartaram qualquer envolvimento dos jovens que estavam dentro da residência com traficantes em fuga e que também está solicitando a a polícia federal informações sobre a operação ocorrida no Complexo do Salgueiro e qual foi o resultado.
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A mãe de João Pedro, Rafaela Matos, comentou que os jovens que estavam na casa no momento dos disparos estão muito traumatizados.
"O primo dele não chora e disse que se sente culpado por não ter feito nada para evitar a morte do meu filho " disse, isentando-o de culpa e em prantos. "Meu filho me pedia para ir jogar futebol e eu dizia não. Ele reclamava que eu o estava prendendo muito, mas sempre foi para o bem dele".
Perguntado por Patrícia Poeta sobre o que espera do futuro, Neilton Matos respondeu que gostaria que o estado procurasse a família.
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"Queria que o estado nos procurasse. O governador até agora não procurou nossa família . Estamos praticamente abandonados. Creio na justiça, principalmente na de Deus. Se aqui a justiça não foi feita a de Deus será, mas esperamos que seja cumprida aqui. Meu filho tinha sonhos, já sabia o que queria. Queria ser advogado e ele tinha condições para isso. Um filho com notas boas, sem notas vermelhas, um filho 100% ", comentou.
Um áudio feito por um dos jovens que estavam na casa onde morreu o menino João Pedro relata os momentos de pavor vividos pelo grupo de adolescentes. Em certo momento o narrador diz que um primo de João pegou o seu corpo, entrou dentro de um carro para ir em direção ao helicóptero da polícia civil que estava no campo de futebol da localidade. E que neste momento policiais civis estavam na casa fizeram disparos contra o carro.