Recentemente, prefeito exaltou queda na taxa de contágio
Ascom/Prefeitura do Rio de Janeiro
Recentemente, prefeito exaltou queda na taxa de contágio

O índice em queda da curva de contágio pelo novo coronavírus no Rio foi destacado pelo prefeito Marcelo Crivella na manhã dessa quarta-feira (20). Ao mesmo tempo em que afirmou prolongar por mais sete dias as medidas restritivas no município, Crivella afirmou que se o índice de contágio chegar a 0,01 será "um passo enorme" para a volta às atividades. Os especialistas, no entanto, indicam que é preciso mais avanços no combate e no controle da Covid-19 para vislumbrar o afrouxamento do isolamento social .

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De acordo com os profissionais da saúde ouvidos pela reportagem, o método usado pelo município considera o número acumulado de contaminados no Rio para calcular o exponencial que vem crescendo em pontos percentuais. O cálculo é feito diariamente e toma como referência os 14 dias anteriores, período em que se caracteriza o ciclo da doença. Para apontar eficiência, a queda no índice deve ser significativa e durar pelo menos por duas semanas.

Os especialistas desconhecem esse método e entendem que é preciso muito mais do que ter um ritmo menor de crescimento do casos para afirmar que a curva epidêmica está diminuindo e que já é possível afrouxar as medidas.

"É preciso ter duas semanas de queda acentuada da curva de casos, ter vagas suficientes em hospitais para novos casos, ter um número considerável de testagens, pelo RT-PCR (no Rio, pelo SUS, são testadas apenas pessoas em estado grave e internadas) e possuir um comando sanitário com autoridade. Só assim, se pode começar a sair do isolamento. Entre os últimos setores estão salões de beleza e barbeiros. As escolas deverão ser as últimas", diz Hélio Bacha, coordenador técnico da Sociedade Brasileira de Infectologia.

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O chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica do Instituto Evandro Chagas e coordenador de pesquisa em medicina intensiva do Instituto D`Or, Fernando Bozza, pensa de forma semelhante: "claro que não basta tão somente levar em conta o crescimento percentual de casos. E, no Rio, há uma variedade grande durante a semana. O modelo tradicional para medir a curva leva em conta diversos parâmetros. É calculada a taxa de reprodutividade (considerando,, inclusive, óbitos e população), que não é algo trivial. Se está acima de 1, a epidemia está em expansão, se está abaixo de 1, em queda".

Novos leitos

Na manhã de ontem, a secretária municipal de Saúde, Ana Beatriz Busch, falou da previsão de entrega dos leitos restantes para o tratamento de pacientes com coronavírus para a próxima semana. Segundo ela, mais de 70% das vagas previstas estão abertas, faltando completar o cronograma do Hospital de Campanha do Riocentro e do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari. Crivella destacou esperar o aumento no número de leitos com a inauguração dos hospitais de campanhas prometidos pelo Governo do Estado. Apesar de se dizer animado com os resultados, fez o pedido para que os cariocas continuem a seguir as medidas de isolamento estendidas até 25 de maio.

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