O promotor Michel Zoucas, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que acompanhou a operação em um condomínio clandestino na Estrada do Curumaú, afirma que o bando que comandava os imóveis ameaçava com armas quem não pagasse as taxas por serviços como luz e água.
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A operação mirava a quadrilha responsável por construir as residências na Taquara, Zona Oeste do Rio, e foi realizada na manhã desta quarta-feira. Durante a operação do Ministério Público, intitulada de Condomínio Fechado, foram cumpridos seis dos sete mandados de prisão preventivas, entre eles, o de Ricardo Negrellos, apontado pelo MP como o líder da milícia , e o capitão da PM Vitor Alexandre Silveira de Araújo, presos em casa.
Segundo Zoucas, o grupo teria assumido a área em 2016, após “um golpe em uma arapuca jurídica”: a associação de moradores do bairro. O loteamento, que fica no Parque Nacional da Pedra Branca, já havia sido embarbado pela Prefeitura do Rio. No entanto, as construções continuaram. Recentemente, a Prefeitura se posicionou a favor da demolição das casas. Há na Justiça uma disputa entre os moradores e a gestão municipal sobre a questão.
"Apreendemos muitos documentos que poderão corroborar com a sequência das investigações. O que podemos dizer é que ali era um local irregular, que já havia sido embargado pela Prefeitura. Esse grupo tomou o comando e começou a construir residências e a vender teremos. Houve abertura de rua, construção de casas e isso sem autorização do poder público", afirmou Zoucas.
Ao longo das investigações, a promotoria faz uma análise de fotos de satélites e notou “que a partir de 2012 há um desenvolvimento do loteamento que já existia e que em 2016 há uma verdadeira explosão, tanto na construção de casas quanto na abertura de vias lá na região”.
As investigações apontaram que uma empresa era a responsável por construir as residências ilegais. Os lotes valiam entre R$ 35 mil e R$ 40 mil. Já as casas prontas estavam avaliadas em torno de R$ 100 mil.
"Já houve uma atuação da Prefeitura (que embargou as casas) naquela região entre 2012 e 2013 e existem hoje ações judiciais na esfera civil a qual se discute a questão do loteamento. A investigação demonstrou que, recentemente, a Prefeitura se posicionou ratificando a ilegalidade daquele loteamento e que não é possível a legalização, por conta da característica do terreno, que é uma área no entorno do Parque Nacional da Pedra Branca e de ser de atuação da via TransOlímpica. Ali é uma área de extrema complexidade", afirmou o promotor.
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Intimidações com armas
Segundo o Ministério Público, testemunhas ouvidas durante as investigações dizem que a organização criminosa assumiu a associação de moradores da Taquara em 2016.
"A associação foi assumida a partir de uma falsificação jurídica e de documentos, criando uma assembleia que não existiu da forma retratada na ata e que elegeu o presidente e o vice-presidente", contou Zoucas.
Desde então, a milícia passou a cobrar todas as taxas dos moradores. Quem enfrentasse a associação de alguma forma era confrontado com ameaças verbais, incluindo corte no fornecimento de água e de energia, e com armas.
"Até meados de 2019 todo o fornecimento de energia elétrica, por parte do grupo, era furto de energia. A Light só regularizou aquela localidade em 2019. Ou seja de 2016 a 2019, quando eles já estavam à frente da associação, eles cobraram do furto da energia", afirma o promotor.
A operação terminou com seis presos, sendo eles: Ricardo Negrellos, Júnior Negrellos da Silva, Vitor Alexandre Silveira de Araújo, Cristiano Fraga, Diogo Braga e Abrahão Claro. Já Jorge da Silva está foragido e é procurado pelos investigadores. A defesa de Braga garante que “não há justificativa” para as prisões desta quarta.
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"Vamos analisar o procedimento (do pedido de prisão e acompanhar o depoimento) e depois iremos à Vara Criminal tomar pé de como foi essa investigação e logo em seguida pediremos a revogação da prisão preventiva. Ao meu ver, tudo indica que não existe justificativa para essas prisões", disse o advogado Hugo Novais, que defende Diogo Braga.
O EXTRA não conseguiu contato com a defesa dos outros presos.