A Polícia Civil quer identificar e ouvir os seguranças do bicheiro Alcebíades Paes Garcia, o Bidi, morto a tiros na madrugada da última terça-feira, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Segundo testemunhas do assassinato, havia pelo menos dois vigilantes num carro que acompanhava a van usada pelo contraventor e por seus amigos para voltar do Sambódromo, onde o grupo foi assistir ao desfile do Salgueiro. Agentes da Delegacia de Homicídios (DH) querem saber por que os vigilantes não reagiram ao ataque.
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A polícia suspeita que os seguranças do bicheiro sejam policiais. A relação de Bidi com PMs do Batalhão de Operações Especiais (Bope) é antiga: em 2008, uma averiguação interna da PM identificou quatro agentes da tropa de elite que trabalhavam como seguranças de Bidi. À época, os policiais foram reconhecidos por um porteiro do prédio onde funcionava o escritório do contraventor, em Ipanema. Após a descoberta, três dos PMs foram afastados do Bope. O quarto agente havia sido expulso da corporação por conta de excessos que teria praticado como instrutor do curso de Operações Especiais, que dá acesso ao Bope.
A investigação não culminou na exclusão dos agentes da PM: atualmente, os quatro são sargentos e seguem na corporação. O policial que havia sido expulso conseguiu ser reintegrado.
Mais de 20 tiros foram disparados contra Bidi. Nenhuma das seis pessoas que acompanhavam o bicheiro foi ferida. Quatro homens encapuzados esperavam a chegada da vítima num carro, estacionado no sentido oposto ao da van. Quando a van parou na frente de um condomínio, os homens saltaram do carro e começaram a disparar contra Bidi. No momento em que policiais da DH chegaram ao local para fazer a perícia, os seguranças não estavam mais lá.
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‘Família está sendo eliminada’
Após o enterro de Bidi, no Memorial do Carmo, no Caju, Rafael Alves, ex-presidente de honra do Salgueiro e amigo de Bidi há 15 anos, disse que o assassinato do contraventor foi motivado por uma disputa familiar. Bidi era irmão do também bicheiro Waldemir Paes Garcia, o Maninho, também assassinado em 2004.
"Mais um membro da família que sofre essa covardia. Essa briga de família que o Rio de Janeiro sabe de onde vem e, infelizmente, a Justiça e a polícia não estão conseguindo solucionar. Uma família está sendo eliminada e nada acontece", disse Rafael Alves, que é ex-marido de Shanna Garcia, sobrinha de Bidi. Nenhuma das filhas de Maninho foram ao enterro do tio.
Nos últimos 16 anos, ao menos cinco pessoas da família Garcia ou ligadas a ela foram assassinadas. A primeira execução foi de Waldemir Paes Garcia, o Maninho, irmão de Bidi, em 2004.
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Meses após o assassinato de Maninho, seu pai, Waldemir Garcia, o Myro, que era da cúpula da contravenção, morreu de causas naturais. A partir de então, teve início uma disputa pelos pontos de jogo do bicho e máquinas caça-níqueis dentro da família Garcia.
A disputa também envolve as heranças que são disputadas em processo na Justiça.No ano passado, Shanna foi alvo de uma tentativa de homicídio e acusou seu ex-cunhado, Bernardo Bello, pelo crime. O motivo, segundo ela, foi a disputa pela herança do pai.