Foto: Heloisa Ballarini/ Secom
Prefeito Bruno Covas em vistoria no viaduto que cedeu na Marginal Pinheiros.
No dia seguinte ao desabamento de um prédio em Fortaleza
(CE) por provável reforma irregular, o prefeito de São Paulo Bruno Covas
aprovou, nesta quarta (16), a "Lei de Regularização de Edificações" em que cerca de 750 mil imóveis poderão receber anistia por obras sem alvará
do município.
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A lei ficou popularmente conhecida como " Lei da Anistia"
. Ela permite que imóveis com obras irregulares realizadas até julho de 2014 possam ser normalizados.
O projeto entra em vigor a partir de primeiro de janeiro de 2020
e a prefeitura estima que 600 mil imóveis sejam regularizados de modo automático e outros 150 mil por meio de solicitação e envio de documentos por parte do cidadão.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo
afirmou que "não está perdoando as irregularidades das edificações construídas até julho de 2014, como o termo ‘anistia’ sugere, mas apresentando uma alternativa de ajuste àqueles que estiverem em desacordo com a legislação municipal de ordenamento do território".
Segundo o órgão público, a lei é para desburacratizar a vida do cidadão e de quem empreende em São Paulo
.
"A gente precisa parar de ter a visão de que o poder público precisa tutelar a vida das pessoas", afirma o prefeito de São Paulo, Bruno Covas
, em entrevista nesta quarta (16).
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Para o prefeito, "as pessoas já estão morando nesses locais e provavelmente tem tranquilidade de que podem morar nesses locais, se não elas não estavam habitando esses espaços".
Segundo o doutor em arquitetura e urbanismo Francisco Barros
, a fala do prefeito é como se a prefeitura abrisse mão de outros tipos de fiscalização
, como a fiscalização de alimentos em restaurantes.
"A casa do prefeito não vai cair e essa não é a realidade das pessoas que moram na periferia da cidade. Essas pessoas não tiveram dinheiro ou apoio de profissionais de edificações", explica o arquiteto.
Regularização automática
A regularização
automática
, que deve normalizar 600 mil imóveis, é voltada para casas com valor de venda máxima de R$ 160 mil e que possuíam isenção do IPTU de 2014 – o que valia para aposentados e pensionistas com renda mensal com três salários mínimos e sem outros imóveis.
O prefeito
afirma que "não adianta querer achar que somente com autorização prévia do poder executivo que as coisas funcionam".
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O arquiteto explica, porém, que a forma correta de melhorar o cenário habitacional de São Paulo
seria investir em um programa de assessoria técnica gratuita para todas as famílias que possuem renda abaixo de três salários mínimos, como garante a Lei 11.888
, de 2008.