Procurador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, durante palestra no Rio de Janeiro
Lucas Tavares / Zimel Press / Agência O Globo
Procurador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, durante palestra no Rio de Janeiro

Uma nova série de mensagens entre procuradores da Força Tarefa da Lava-Jato vazadas pelo site The Intercept sugere que o procurador Deltan Dallagnol teria utilizado grupos políticos iniciados após a Operação Lava Jato para fazer articulações políticas no Supremo Tribunal Federal e entre a sociedade. 

Segundo as conversas, uma das principais conexões entre Dallagnol e grupos como Vem Pra Rua e Mude foi a procuradora Thaméa Danelon, do braço da Lava Jato em São Paulo. 

Uma das primeiras articulações de Deltan com o grupo envolvia o posto de relator dos processos da Lava Jato, vago após a morte de Teori Zavascki, vítima de um acidente aéreo. Primeiro, Deltan teria conversado Fábio Alex, lider do grupo Mude - Chega de corrupção sobre os quatro nomes que não seriam positivos para a Lava Jato no cargo: Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Lemos e Marco Aurélio.

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Depois, Patricia Fehrmann, também fundadora do Mude , consultou o procurador sobre qual o nome ideal para a vaga de Zavascki. “tem muita gente perguntando o q fazer. O VPR [Vem Pra Rua] é um desses”, teria afirmado em mensagem. O procurador disse que a Força Tarefa não se posicionaria para não “queimar” a pessoa.

Conversas com a procuradora da república Ana Carolina Resende também mostram articulações envolvendo o cargo de Teori. Resende pedira que Deltan conversasse com o jurista Luís Roberto Barroso para que ele fosse para a 2ª turma do STF . “Ele pode pedir p ir p 2 turma e ninguém pode impedi-lo. Vão achar ruim mas paciência, ele teria feito a parte dele”, teria dito a procuradora.

Diante da possibilidade da prisão de Lula e da informação de que o STJ estudava permitir cumprimento de pena apenas em condenação na terceira instância, Dallagnol conversou com a procuradora Thaméa para "deixar mais caro” para Alexandre de Moraes, que tinha assumido a vaga de Teori, mudar de posição, já que ele era o único que nunca tinha votado sobre o assunto.  

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Thámea se prontificou a passar para movimentos informações de que Moraes aprovava a execução de pena após julgamento de segundo grau. Entre os grupos aos quais ela sugeriu enviar as informações estava o Vem Pra Rua e o Nas Ruas, que tem como uma das fundadoras Carla Zambelli , hoje deputada federal pelo Partido Social Liberal (PSL). 

Deltan , então, encaminhou a demanda de buscar materiais sobre Alexandre de Moraes em um chat com assessor de comunicação do MPF, e, como resposta, recebeu um vídeo “cortei o vídeo ‘grosseiramente’ para deixar só a fala sobre execução provisória. não acrescentei legenda, nada, e reduzi a resolução para viralizar mais fácil… rsrs”.

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Em outro momento, Deltan também tentou articular para que o primeiro colocado da lista tríplice sugerida pela Associação Nacional dos Procuradores da República para substituir Rodrigo Janot, Nicolao Dino , fosse escolhido por “pressão popular”. “Não conta pra ng, mas vou pedir pros movimentos sociais fazerem campanha pra ser nomeado o primeiro da lista”, disse Dallagnol em chat privado com Dino. “Sem mencionar minha sugestão, Vcs conseguiriam articular uma campanha para ser nomeado o primeiro da lista? Ele é o top”, disse em um grupo de conversa com o Mude. 

As mensagens mostraram, também, outra conversa com a procuradora Danelon pedindo para que uma pressão popular em forma de abaixo assinado fosse realizado a favor de prisão em segunda instância. “Se Vc topar, vou te pedir pra ser laranja em outra coisa que estou articulando kkkk” A articulação em forma de abaixo assinado foi divulgada pelo procurador em sua página do Facebook. 


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