A Força Aérea Brasileira (FAB) cumpriu mandados de busca e apreensão no imóvel funcional onde morou o segundo-sargento Manoel Silva Rodrigues, na Asa Sul, e também no endereço mais recente do militar, em Taguatinga. As buscas incluíram um cão farejador e foram acompanhadas pelo Ministério Público Militar (MPM). Ele foi preso na Espanha com 39 kg de cocaína , em 26 de junho.
Estas são as primeiras diligências desde a instauração do inquérito policial-militar (IPM) para investigar o segundo-sargento. A droga era traficada pelo militar dentro de um avião da FAB que dava suporte a uma missão de Jair Bolsonaro (PSL). A missão era a participação do presidente na reunião do G-20, no Japão, na semana passada.
A FAB, mais uma vez, negou-se a fornecer informações sobre os passos da investigação. Por meio do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, limitou-se a dizer que "diligências foram realizadas" em relação ao caso. A Força decidiu impor sigilo ao inquérito.
As informações sobre os mandados de busca e apreensão foram detalhadas pelo MPM, que passou a acompanhar o caso já nesta fase inicial de investigação. O prazo para a conclusão do inquérito é de 40 dias, prorrogável por mais 20 dias.
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Os mandados da Justiça Militar foram cumpridos na manhã de segunda-feira (1º). Integrantes do Batalhão de Infantaria da Aeronáutica Especial de Brasília e da Polícia do Exército cumpriram os mandados, acompanhados da promotora de Justiça Militar Angela Taveira, designada pelo MPM para acompanhar o inquérito.
As equipes estiveram no imóvel funcional destinado ao segundo-sargento, ocupado por sua ex-mulher e seus dois filhos pequenos. Rodrigues já não morava ali há um ano e meio, e a destinação do imóvel, que é da União e administrado pela Aeronáutica, também passou a ser investigada pela FAB.
Já em Taguatinga, as buscas foram acompanhadas pela atual mulher do militar e por um advogado. Os integrantes da FAB e da Polícia do Exército apreenderam documentos, pendrive, notebook e celular.
As buscas não resultaram em apreensão de dinheiro, objetos de valor e drogas, segundo informação divulgada pelo MPM. No imóvel funcional da Asa Sul, documentos foram recolhidos pelos militares que participaram da operação.
A FAB também já ouviu o síndico do prédio onde fica o imóvel funcional ocupado pela ex-mulher do segundo-sargento da Aeronáutica, que segue preso em Sevilha, capital da Andaluzia, no sul da Espanha. O síndico foi ouvido ainda na sexta-feira (28), no dia seguinte à revelação do jornal O Globo de que o militar já não vivia no imóvel há um ano e meio. Na segunda, a Aeronáutica confirmou à reportagem que passou a apurar irregularidades na destinação dada ao imóvel funcional.
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Os questionamentos feitos ao síndico giraram em torno das questões relacionadas ao imóvel. Os investigadores questionaram, por exemplo, se ele tinha conhecimento de alguma irregularidade e se os pagamentos do condomínio estavam em dia. Ele confirmou que a ex-mulher do sargento segue morando no apartamento e que o militar já não morava ali há um tempo.