Milhares de estudantes, professores e funcionários públicos realizaram, desde as primeiras horas desta quinta-feira (30), a segunda onda de manifestações contra os cortes no orçamento do Ministério da Educação (MEC). A medida, imposta por decreto publicado em março, foi promovida pela equipe do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que chama o ato de "contingenciamento". As manifestações, porém, foram além da discussão pela educação, misturando protestos contra a reforma da Previdência e atos sindicalistas.
Os principais alvos dos manifestantes foram presidente Jair Bolsonaro, o ideólogo Olavo de Carvalho e o ministro da Educação, Abraham Weintraub. O chefe do MEC, lembrado nas manifestações em várias faixas e placas que se referem às "balbúrdias" em universidades reclamadas por Weintraub, foi ironizado também por conta de um vídeo publicado pela manhã, no qual ele usa um guarda-chuva para reclamar que "está chovendo fake news".
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Foram 25 Estados, mais o Distrito Federal que registraram manifestações. São eles: Bahia, São Paulo, Pernambuco, Sergipe, Piauí, Paraíba, Ceará, Alagoas, Rondônia, Roraima, Amazonas, Rio Grande do Norte, Acre, Pará, Paraná, Santa Catarina, Amapá, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Goiás.
A maior parte dos atos realizados na primeira metade do dia se concentrou em cidades do interior. De acordo com a UNE (União Nacional dos Estudantes), os maiores protestos ocorreram no Rio de Janeiro e em São Paulo, com 300 mil presentes.
No Recife, grupos providenciaram um boneco de Olinda representando Paulo Freire, em protesto contra proposta de deputado do PSL para tirar do educador o título de patrono da Educação do Brasil e dá-lo ao padre José de Anchieta.
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Os atos populares deste 30M (nome dado aos protestos em referência à data) misturaram causa além dos cortes na educação . Centrais sindicais aproveitaram a movimentação para promover uma greve geral agendada para o dia 14 de junho e diversos grupos atacam também a proposta de reforma da Previdência que tramita na Câmara.
Houve também manifestantes com cartazes em lembrança à morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), em defesa da soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e em protesto contra a ação do Exército que resultou na morte de um músico e de um catador no Rio de Janeiro.
Em Curitiba, manifestantes voltaram a estender uma faixa com os dizeres "Em defesa da Educação" em frente ao prédio da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A faixa colocada anteriormente, no primeiro ato, realizado no dia 15, foi retirada no último domingo (26) por outros manifestantes que participavam de ato em defesa do governo Bolsonaro.
Manifestação em São Paulo reúne 300 mil pessoas
A manifestação em São Paulo foi marcada pela diversidade de bandeiras e pautas que caminharam juntas desde o Largo da Batata até o MASP, na Avenida Paulista. Universitários, grêmios estudantis e secundaristas bradavam contra os cortes na educação feitos pelo MEC. Enquanto isso, do outro lado da praça, uniões sindicais denunciavam a Reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro.
O que reunia os dois grupos de manifestantes era a data de 14 de junho - a prometida greve geral. "Isso aqui é só um esquenta para o dia 14", afirmou Douglas Izzo, presidente da CUT/SP
"Todas as pautas daqui caminham na mesma direção. A luta é a mesma.", explicou Wlisses Daniel, 37, coordenador e professor da Uneafro.
Ao longo do ato, palavras de ordem eram puxadas pelos estudantes e por lideranças ligadas a UNE no carro de som. Em sua maioria, os cantos pediam a retomada do investimento na educação e acusavam o presidente Jair Bolsonaro e seu ministro de serem "mãos de tesoura" e não se preocuparem com a educação do país.
"Não vai ter arrego, se mexer na educação nós tiramos seu sossego", prometeram os manifestantes.