O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta quinta-feira (14) o pagamento de indenização às famílias dos sete alunos e duas funcionárias da Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, palco de massacre ocorrido na manhã dessa quarta-feira (13) . Uma décima vítima também foi morta pelos atiradores Guilherme Taucci e Luiz Henrique de Castro (que se mataram após o ataque), mas ela não será indenizada pois o crime ocorreu fora da escola.
Ainda não foi batido o martelo sobre o valor da indenização a ser paga, mas Doria adiantou que será "em torno de R$ 100 mil" por vítima. Segundo o governador, o decreto que oficializa o comprometimento do governo em pagar o valor às famílias de Suzano será publicado no Diário Oficial nessa sexta-feira (15).
Questionado mais de uma vez se o recebimento da indenização estará condicionado à assinatura de um termo no qual as famílias se comprometem a não processar o Estado, Doria primeiramente se esquivou, mas depois assentiu.
"Eu diria que sim. Vai condicionar que a família abra mão de qualquer processo indenizatório. Evidentemente, cada familiar poderá tomar a sua decisão. A indenização
não restabelece a vida dos que foram cruelmente assassinados. Mas ela conforta parcialmente os seus familiares", disse o tucano.
Doria destacou que a proposta surge imediatamente após o massacre e sem aguardar a cobrança por via judicial. "O governo tomou a decisão independentemente de qualquer pressão", disse. Cabe ao governador, não apenas solidariedade. É solidariedade e atitude. E é o que estamos tomando diariamente. Aqui nós não fugimos dos problemas, ainda que eles
sejam duros.
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O anúncio do governador foi realizado durante entrevista coletiva concedida no horário do almoço, na capital paulista. O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, também participou da conversa com a imprensa e negou que a ausência da escola Professor Raul Brasil no mapeamento que apontou 141 escolas em situação de vulnerabilidade tenha sido um erro.
Nós temos que separar aquilo que se aconteceu em uma tragédia com o planejamento para situações diversas. O mapeamento era para darmos outro tipo de proteção, tanto para o aluno quanto para os professores. Nós não vamos enfrentar esse problema só segurança, só com câmeras. Até porque a própria escola Raul Brasil tinha 16 câmeras", disse.
"Esse não é um problema da escola Raul Brasil, é um problema de todos. A gente precisa identificar anteriormente a possibilidade [de ataques]. Vamos trabalhar muito para que a gente apoie a formação dos professores para identificar isso, e vamos apoiar as famílias também. Precisamos chegar aos pais porque, muitas vezes, esses sinais só são
visíveis dentro de casa", complementou.
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Questionado também sobre se o episódio em Suzano é capaz de fazê-lo mudar de ideia em relação à flexibilização do porte de armas, Doria disse que o massacre não deve ser usado para esse fim. "O porte é um debate que tem que ser intensificado. Não deve estar vinculado a situações de tragédia. O equilíbrio contribui para que seja bem discutido. O melhor campo é o pós-evento e não ao calor de uma situação como essa. Nesse momento, nós temos que tratar de proteger a família, proteger as escolas."