Mulheres do Movimento dos Sem Terra denunciam violência e ocupam fazenda do médium João de Deus em Goiás
Reprodução/MST
Mulheres do Movimento dos Sem Terra denunciam violência e ocupam fazenda do médium João de Deus em Goiás

Um grupo de mulheres que atua no Movimento dos Sem Terra (MST) e no Movimento Camponês Popular (MCP) ocupou, na manhã desta quarta-feira (13), a fazenda Agropastoril Dom Inácio, em Anápolis, interior de Goiás. O espaço é pertencente ao renomado médium João de Deus, que responde a cerca de 500 acusações de abuso sexual contra mulheres.

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O terreno ocupado pelas mulheres possui cerca de 600 hectares de extensão, o que equivale a mais de 600 campos de futebol. O ato em protesto a João de Deus  faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra que começou na última semana com mobilizações em todo País.

Próxima à rodovia GO-433, a fazenda faz parte da fortuna do líder espiritual. Ninguém sabe ao certo o tamanho do seu patrimônio, que varia entre aplicações, empresas, carros, casas, fazendas e latifúndios de monocultivo de gado e soja, além de um avião de seis lugares.

De acordo com um levantamento feito pela Folha de São Paulo  estão registrados em cartórios de Goiás 27 imóveis em nome do “João curador”. Sendo que 23 destes estão na área urbana e quatro na zona rural. Em depoimento, no entanto, o médium afirma à polícia que tem seis fazendas em Goiás: Crixás, Itapaci, Anápolis, São Miguel, Pirenópolis e Abadiânia .

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Alvo de acusações de mais de 250 mulheres desde o início de dezembro, o líder espiritual que prestava atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola é réu por violação sexual mediante fraude e estupro de vulneráveis. Esse processo, que tramita no Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), trata de supostos crimes cometidos contra quatro mulheres no período de abril a outubro do ano passado. 

O médium também já foi indiciado, juntamente à sua esposa, Ana Keyla, por porte ilegal de armas. O inquérito foi aberto após a Polícia Civil apreender revólveres e pistolas em seus endereços. Também foram encontradas quantias de dinheiro em espécie que somam R$ 1,2 milhão, além de pedras preciosas. Esse último item, bem como um computador apreendido, ainda está sendo analisado pela perícia.

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João de Deus  foi preso no dia 16 de dezembro do ano passado sob a acusação de violação sexual mediante fraude e de estupro de vulnerável, crimes que teriam sido praticados contra centenas de mulheres na instituição em que atendia pessoas em busca de atendimento espiritual, em Abadiânia (GO).

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