Uma pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nessa quinta-feira (10) concluiu que 4 em cada 10 brasileiros são contra o aborto em qualquer situação, mesmo as que já são permitidas por lei no País. Ao menos 46% também acreditam que mulheres que engravidarem de um estupro devem receber ajuda financeira para ter o filho.
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De acordo com o Datafolha, 41% dos que responderam a pesquisa se disseram contrários ao aborto em qualquer situação, mesmo que a mulher corra riscos ou tenha sido estuprada. Para 34% as regras devem continuar como são atualmente.
Outros 16% acreditam que o aborto deva ser legalizado em mais situações e apenas 6% são a favor da descriminalização em qualquer circunstância. A pesquisa Datafolha também trouxe uma conclusão interessante: apesar do direito ao aborto ser constantemente defendido por movimentos das mulheres, os homens defendem mais o direito do aborto do que as próprias mulheres.
Além disso, as entrevistas realizadas pelos pesquisadores indicaram que as opiniões também variam de acordo com a escolaridade e com a renda das pessoas: mais ricos e com mais tempo de estudo defendem que o aborto seja permitido em mais situações comparativamente aos mais pobres e menos escolarizados.
A legalização do aborto em qualquer circunstância é defendida por 5% dos entrevistados que ganham até dois salários mínimos, enquanto 19% dos que ganham dez salários tem essa opinião. Para os com ensino superior, o mesmo índice fica em 18%, e 55% dos que estudaram até o ensino fundamental defendem a proibição total. A taxa também aumenta entre os mais jovens.
A pesquisa ainda questionou os entrevistados sobre a frase “Mulheres estupradas que engravidarem não deveriam abortar e sim receber ajuda financeira para ter o filho”, 46% concordam, sendo que 34% concordam totalmente e 12% em parte.
A pergunta tem relação com uma fala da ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, que defendeu o estatuto do nascituro , um projeto que tramita no Congresso para que vítimas de estupro que decidirem manter a gravidez possam receber uma pensão.
Atualmente, o aborto só é permitido no Brasil em caso de estupro, quando há risco de vida da mãe ou quando o feto é anencéfalo. O STF também julga uma ação, proposta pelo PSOL, que liberaria o aborto para até 12 semanas de gestação.
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Nesta pesquisa sobre o aborto , o Datafolha ouviu, nos dias 18 e 19 de dezembro, 2.077 pessoas com mais de 16 anos em 130 cidades. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.