Recém-empossado, o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, já está sendo desafiado em seu cargo, devido à onda de terror que atinge o estado do Ceará. Na noite desta quinta-feira (3), ele determinou que a Polícia Federal (PF), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) tomem as providências necessárias para auxiliar o Ceará no combate à violência. Nesta sexta (4), autorizou o envio da Força Nacional.
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Cerca de 300 homens e 30 viaturas da Força Nacional seguem, ainda hoje, para o estado e atuarão por 30 dias em ações de segurança. Caso necessário, o prazo pode ser prorrogado. A portaria foi publicada hoje no site do Ministério da Justiça e Segurança Pública, um dia depois de Moro permitir o envio dos demais reforços contra a violência , mas declarar que a Força Nacional só seria acionada "em caso de deterioração da segurança”.
De acordo com a nota divulgada pelo ministério, a decisão de ontem visava dar apoio imediato ao estado, solicitado pelo governador Camilo Santana
. O governador enviou ao Ministério da Justiça pedido de envio de homens da Força de Segurança Nacional após a explosão de uma bomba em uma pilastra de um viaduto em Caucaia, região metropolitana de Fortaleza, e o incêndio de dois ônibus, numa onda de crimes sem precedentes recentes.
Nesta quinta, o estado viveu uma nova noite de terror. Por enquanto, foram contabilizados 41 ataques. Os crimes acontecem contra ônibus e prédios públicos e privados, desde a noite da última quarta-feira (2). Segundo a polícia local, 18 pessoas foram detidas desde o início dos crimes.
Sérgio Moro decidiu que a PF, PRF e o Depen “atuarão na investigação e repressão aos crimes registrados, incluindo a disponibilização de vagas no sistema penitenciário federal” e sugeriu que Santana formasse um gabinete de crise, com a integração das forças policiais federais e estaduais.
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Segunda noite de violência no Ceará
Prefeitura, agências bancárias e delegacias foram os alvos de ataques incendiários na madrugada desta sexta (4). Os ataques foram registrados em Tinguá, Pacatuba, Horizonte, Maracanaú, Fortaleza, Caucaia, Pindoretama e Canindé. De acordo com as autoridades, no entanto, o número de crimes registrados tende a aumentar, já que os ataques acontecem durante a manhã também.
Por enquanto, 13 ônibus foram destruídos com fogos, tiros foram disparados contra prédios e bancos, e artefatos caseiros incendiários foram arremessados contra uma delegacia. A Secretaria de Segurança do Ceará ainda investiga a motivação dos crimes.
O presidente do Conselho Penitenciário do Estado do Ceará, Cláudio Justa, crê que os atentados de violência sejam uma represália à fala do novo secretário de Administração Penitenciária (SAP), Luís Mauro Albuquerque, que foi nomeado para o cargo neste ano. Ele disse que "o Estado não deve reconhecer facção" em presídio e afirmou que fará fiscalização rigorosa para evitar a entrada de celular nas unidades prisionais.
* Com informações da Agência Brasil.