O desembargador do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) Jairo Ferreira Júnior negou nesta terça-feira (18) pedido de liberdade ao médium João de Deus , de 76 anos de idade. Preso desde domingo (16), o líder espiritual é acusado por mais de 500 mulheres de ter cometido abusos sexuais durante atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), onde ele presta serviços espirituais há mais de quatro décadas.
A decisão do magistrado se deu em caráter liminar, ou seja, é provisória e não entrou no mérito do recurso protocolado ontem pela defesa de João de Deus , representada pelo advogado Alberto Toron. O julgamento definitivo deve ocorrer apenas após o recesso judiciário, no ano que vem.
No habeas corpus, o defensor pede a conversão da prisão preventiva em domiciliar, com o uso de tornozeleira, sob o argumento de que o médium lida com problemas de saúde e já está em idade avançada. Por ocasião do pedido de prisão, apresentado pelo Ministério Público na última quarta-feira (12), o médium passou mal e ficou em repouso em uma de suas chácaras após crise de hipertensão.
Enquanto se prepara para sua terceira noite no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, o líder espiritual teve seu centro de atendimentos em Abadiânia revirado na tarde desta terça-feira por equipes da Polícia Civil. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão no centro em Abadiânia e em mais 19 endereços ligados ao líder espiritual.
João Teixeira de Faria é suspeito de ter praticado crimes de estupro, estupro de vulnerável (quando cometido contra menor de 14 anos ou quem esteja em situação de vulnerabilidade) e violação sexual mediante fraude.
O médium já foi alvo de mais de 500 denúncias feitas por supostas vítimas aos Ministérios Públicos de Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. Quinze denúncias já foram registradas na delegacia que cuida do caso em Goiás. Em nota, a força-tarefa do MP-GO que apuras as denúncias contra João de Deus informou que, apesar do cumprimento da prisão, os trabalhos do grupo prosseguirão normalmente nos próximos dias, "no intuito de continuar realizando as oitivas das vítimas e produzir as denúncias a serem oferecidas".
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