Prédio do Museu Nacional do Rio de Janeiro não recebia a manutenção devida há décadas
Tânia Rêgo/ABr
Prédio do Museu Nacional do Rio de Janeiro não recebia a manutenção devida há décadas

Cristiana Serejo, vice-diretora do Museu Nacional do Rio de Janeiro, afirmou em entrevista coletiva nesta segunda-feira (3) que apenas 10% do acervo da instituição foi salvou do incêndio de domingo (2).

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“O que sobrou? O prédio, umas poucas peças... talvez uns 10%”, disse, desalentada, a vice-diretora. Ela mencionou o meteorito Bendegó, parte da coleção de zoologia, a biblioteca central, alguns minerais, cerâmicas, o herbário e o departamento de zoologia de vertebrados como áreas que passaram parcialmente incólumes durante o incêndio no Museu Nacional .

A vice-diretora estima que serão necessários, pelo menos, R$ 15 milhões para iniciar a restauração do prédio .

Pesquisadores ainda nutrem a esperança de que parte do acervo possa ter sido salva do fogo dentro de cofres e armários de aço especiais. Entre essas, está o crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado no Brasil, com mais de 12 mil anos.

Eles reconhecem que o trabalho não será fácil, pois o interior do prédio ainda está muito quente e os dois andares superiores desabaram sobre o térreo, formando uma grossa camada de cinzas, carvão, ferros retorcidos e tijolos. 

“As pessoas foram de manhã tentar achar a Luzia, mas parece que ela estava em uma caixa e tem muito escombro. A gente não sabe se dentro dessa caixa ela possa ter resistido. Tem que haver a perícia, para liberar o prédio e os pesquisadores entrarem de fato e retirar os escombros. A parte lá de trás, do departamento de geologia e paleontologia, parece que sobrou alguma coisa”, disse a vice-diretora do museu, Cristiana Serejo.

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Segundo ela, alguns departamentos guardavam peças mais valiosas dentro de cofres que podem ter resistido às altas temperaturas. “Existe [esta possibilidade]. A gente vai ter que aguardar. Mas a coleção de entomologia, de insetos, que ficava no terceiro andar, não resistiu. Isto foi uma perda gravíssima. Estava em armários compactadores, mas como desabaram, foi um impacto muito grande”, afirmou Cristiana.

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Biólogo, Helder foi um dos primeiros a chegar ao museu, cerca de meia hora depois do incêndio começar, por volta das 19h30 de domingo (3). Ele ajudou a guiar os bombeiros a entrarem no prédio e ficou no local até as 3h, quando foi para casa. Com apenas duas horas de sono, ele retornou ao prédio do museu às 6h.

“O crânio de Luzia estava em uma região que foi bem atacada pelo fogo, difícil de ser acessada, e não conseguimos localizar”, contou Hélder. Já sobre as múmias egípcias, ele considerou que foram totalmente perdidas, com exceção de uma, que estava em uma sala e que talvez esteja ainda preservada.

O pesquisador e professor Renato Cabral Ramos também tem esperanças de encontrar algumas peças intactas, que ficaram guardadas dentro de cofres nos departamentos.

“Eu estive no departamento junto com um bombeiro para vermos a situação. Estava muito quente, com muita fumaça, o chão ainda fumegando. Eu vi que os armários compactadores, de aço, ainda estão em pé, com muito entulho em cima. A gente tem esperança de que os fósseis ali dentro possam ser salvos, assim como os materiais que estavam dentro dos cofres”, disse o pesquisador do Museu Nacional .

* Com informações da Agência Brasil

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