![Estragos no distrito de Bento Rodrigues após rompimento da barragem de Fundão de mineradora da Samarco, em Mariana Estragos no distrito de Bento Rodrigues após rompimento da barragem de Fundão de mineradora da Samarco, em Mariana](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/dt/ov/vl/dtovvl6ikjwda5skyocpw7gpv.jpg)
O Ministério Público Federal (MPF) encaminhou pedido à Justiça para que seja retomada em caráter de urgência a ação penal contra a mineradora Samarco e contra 22 pessoas acusadas criminalmente pela tragédia ambiental que deixou 19 mortos em Mariana (MG) no fim de 2015. O processo foi suspenso em julho deste ano por decisão de um juiz federal de Ponte Nova (MG) atendendo a pedido da defesa de ex-executivos da Samarco.
Os advogados que representam os réus Ricardo Vescovi de Aragão, presidente licenciado da Samarco , e Kleber Luiz de Mendonça Terra, diretor de Operações e Infraestrutura da mineradora, alegaram que foram utilizadas pelo MPF provas obtidas após o período autorizado pela Justiça para a quebra do sigilo telefônico dos investigados.
A Procuradoria, por seu turno, afirma no pedido de retomada do processo que um "minucioso levantamento" realizado pelas companhias telefônicas indica que "não foi constatada a utilização, na denúncia, de nenhum monitoramento telefônico feito sem ordem judicial".
"Os réus Ricardo Vescovi e Kleber Terra não foram capazes de apontar sequer um diálogo utilizado e transcrito como prova que tenha sido interceptado sem autorização judicial", afirma o MPF, explicando que a alegação dos executivos teve por base as datas de realização dos autos circunstanciados, que abrangem todos os monitoramentos, e não as datas de efetiva implementação do monitoramento pela empresa de telefonia.
Entenda a ação penal
O processo em análise na Justiça Federal em Ponta Grossa é a principal ação penal contra empresas e pessoas físicas envolvidas com o rompimento da barragem de Fundão, no dia 5 de novembro de 2015. O incidente resultou no maior desastre ambiental do País, provocando a destruição total do distrito de Bento Rodrigues e deixando 19 mortos , além de levar um mar de lama por toda a extensão do Rio Doce até o litoral do Espírito Santo.
Além da Samarco, mineradora responsável pela administração da barragem de Fundão, também são processadas criminalmente nessa ação penal a Vale S.A., a BHP Billiton e a VOGBR.
Os 22 denunciados respondem pelos crimes de homicídio, lesão corporal grave, inundação e desmoronamento , além de poluição qualificada e crimes contra a fauna e flora.
Os acusados podem ir a júri popular e serem condenados a até 54 anos de prisão, além do pagamento de multa, de reparação dos danos ao meio ambiente e daqueles causados às vítimas da tragédia.
Além de Ricardo Vescovi de Aragão e Kleber Luiz, também figuram na lista de réus outros 17 exeutivos da Samarco, além de dois representantes da BHP Billiton e o engenheiro-sênior da VOGBR, Samuel Santana Paes Loures. No caso da VOGBR, funcionário e empresa são acusados por apresentar laudo ambiental falso, uma vez que emitiram laudo e declaração enganosa sobre a estabilidade da barragem de Fundão.