Vídeos feitos de dentro da penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, mostram presos que dizem estar queimando partes de corpos humanos em fogueiras. Apesar de reconhecer a veracidade das imagens, e mesmo com denúncias de familiares de detentos, o governo afirma que não há registro de canibalismo no local.
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Alcaçuz é palco de uma ‘guerra’ entre duas facções rivais desde o dia 14 de janeiro, quando pelo menos 26 presos foram brutalmente assassinados. Por enquanto, as forças policiais controlam apenas a área externa da penitenciária. Os agentes também fazem intervenções pontuais no local para realizar buscas por corpos e construir um muro de contêineres para separar os pavilhões controlados pelos grupos rivais.
De acordo com a Agência Brasil, que teve acesso a dois vídeos, em uma das gravações um preso aparece queimando pedaços de carnes e pele que diz ser de corpo humano, espetadas em um vergalhão. Um deles avisa: “Churrasco de PCC”. Em seguida, a câmera se volta aos detentos, que não têm receio de mostrar o rosto. Eles informam que são do Pavilhão 2, controlado pelo Sindicato do Crime do RN, e estão vingando mortes ocorridas no Pavilhão 4, supostamente cometidas por integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital).
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Em outro vídeo, um antebraço é colocado no espeto enquanto um preso narra os acontecimentos: “estamos aqui em mais um dia de guerra na penitenciária de Alcaçuz”. Ao fundo, dezenas de detentos se aproximam e o que parece ser um corpo mutilado é arrastado, amarrado com um lençol.
Famílias
Esposas de detentos que fazem vigília na porta do presídio já haviam denunciado à imprensa sobre canibalismo na unidade, mas nenhum indício havia sido divulgado. Em ambos os vídeos, não é exibida qualquer cena em que os presos de fato comam os pedaços.
O diretor do Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep), Marcos Brandão, informou que várias fogueiras foram, de fato, encontradas no local. “Ainda vamos examinar se há algum material humano, porque lá realmente não deu para verificar. Recolhemos um material que vamos analisar para saber se é corpo. A gente ainda vai analisar, não estou dizendo nada conclusivo.”
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A assessoria de comunicação da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) do Rio Grande do Norte confirmou que as imagens foram feitas na penitenciária de Alcaçuz, “certamente na primeira rebelião”, ocorrida no dia 14 de janeiro.
O órgão informou ainda que duas buscas já foram realizadas no interior do presídio de Alcaçuz em busca de mortos, e que não há registro de canibalismo. “Como os equipamentos de bloqueio de sinal de celular foram danificados na rebelião, os rebelados usam informações, via celular, para aterrorizar a população. Os equipamentos serão restabelecidos tão logo haja condições para garantir o trabalho dos técnicos”, informa ainda a nota.