O novo secretário de Administração Penitenciária (Seap) do Amazonas, Cleitman Rabelo, afirmou em sua primeira entrevista que os presos não terão "nada mais, nada menos" do que seus direitos. Ele foi confirmado no cargo que até então era ocupado por Pedro Florêncio, exonerado nesta sexta-feira (13), 11 dias após rebeliões que deixaram 64 mortos em presídios do Estado.
Rabelo elogiou o trabalho feito por Florêncio e disse que as estratégias para os presídios do Amazonas que foram bem-sucedidas na gestão anterior serão mantidas. "Estamos nos inteirando da situação do sistema. Sou militar de formação e vamos prezar a disciplina, o que for de direito dos presos eles vão receber, o que estiver errado, vamos corrigir", disse. "Para isso, seguiremos a Lei de Execuções Penais, nada mais, nada menos".
+ Acusado de corrupção, diretor de presídio em Manaus é afastado
Pessoas próximas ao dia a dia da segurança pública e dos complexos penitenciários do Estado consideravam a gestão anterior conciliadora e diziam que a equipe buscava o diálogo com os presos. "Essa filosofia de trabalho implantada pelo Florêncio é elogiável e nós vamos continuar. O que está dando certo, nós não vamos mexer. Aquilo que falhou, nós vamos, com muita cautela, corrigir", adiantou.
O método, no entanto, não impediu a morte de 56 pessoas dentro do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). Esta foi a maior carnificina em penitenciárias desde o massacre do Carandiru. "Eu quero deixar consignada a minha amizade, o meu respeito e a minha confiança ao doutor Florêncio. Ele é um homem de bem", disse o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes. "Foi o meui chefe de Núcleo de Operações por muitos anos, quando eu era chefe da Entorpecentes. A intenção dele foi a melhor possível, mas, infelizmente, aconteceu".
Cadeia Pública
O novo secretário da Seap também comentou a situação da Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa. Reativado para receber presos após a rebelião no Compaj, o local tem estrutura precária para abrigá-los. Diariamente, mães e esposas de presos aguardam notícias na porta do presídio .
“A Vidal é hoje nosso calcanhar de Aquiles. Conheço bem a situação da Vidal. Vamos lá mais tarde, dizer para os presos que vamos trabalhar no sistema, [que] já deu uma acalmada", disse Rabelo, sobre a situação dos presídios. "Está mais calmo, mais tranquilo, e já podemos pensar em medidas que possam, na verdade, atender às reivindicações".
* Com informações da Agência Brasil.