O primeiro-ministro da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, recebeu nesta quinta-feira (12) o candidato opositor venezuelano Edmundo González Urrutia, que chegou a Madri no domingo para pedir asilo político, em um momento de grande tensão na relação entre os dois países.
"Dou calorosas boas-vindas ao nosso país a Edmundo González Urrutia, a quem recebemos mostrando o compromisso humanitário e a solidariedade da Espanha com os venezuelanos", escreveu Pedro Sánchez na rede social X, ao lado de um vídeo que mostra os dois, ao lado da filha do opositor venezuelano, caminhando pelos jardins do Palácio da Moncloa, sede do governo espanhol.
"A Espanha continua trabalhando a favor da democracia, do diálogo e dos direitos fundamentais do povo irmão da Venezuela", acrescentou Sánchez, que recebeu González Urrutia "em caráter privado", segundo fontes próximas ao candidato à presidência venezuelana.
Urrutia desembarcou na capital espanhola no domingo passado em um voo da Força Aérea Espanhola, depois de passar um mês escondido.
Sánchez, cujo governo, seguindo a mesma posição da União Europeia, exige a divulgação das atas de votação das eleições venezuelanas de 28 de julho, mas sem reconhecer a vitória de González Urrutia, havia anunciado o desejo de receber o candidato da oposição após seu retorno de uma viagem à China, o que aconteceu na madrugada desta quinta-feira.
Nicolás Maduro, no poder desde 2013, foi proclamado reeleito para um terceiro mandato de seis anos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), entre denúncias de fraude da oposição, que afirma que González Urrutia venceu a eleição.
Ruptura?
O encontro aconteceu um dia após o presidente do Parlamento venezuelano, Jorge Rodríguez, propor o rompimento das relações diplomáticas, consulares e comerciais com o país europeu.
"Que se retirem daqui todos os representantes da delegação do governo do Reino da Espanha e todos os consulados e todos os cônsules, e que tiremos os nossos de lá!", clamou Rodríguez, que pediu à Comissão de Política Externa do Legislativo que aprove uma resolução, que depois deverá ser ratificada no plenário da Câmara.
Rodríguez reagiu assim a uma proposta aprovada na quarta-feira pelo Congresso espanhol, a pedido da oposição de direita, para solicitar ao governo de Sánchez que reconheça a vitória de González Urrutia na eleição de 28 de julho.
A proposta não é vinculante e não obriga o Executivo de Sánchez a seguir a medida. O primeiro-ministro já havia defendido a concessão de asilo ao candidato opositor como um "gesto de humanidade" de seu governo "com pessoas que, infelizmente, estão sofrendo perseguição e repressão".
"Melhores relações"
Quando o Congresso espanhol começou a debater a proposta na terça-feira, centenas de venezuelanos protestaram diante do Legislativo, incluindo a filha de González Urrutia, que leu uma mensagem do seu pai.
O governo da Espanha calcula que quase 280 mil venezuelanos vivem no país, incluindo vários líderes da oposição. O número não inclui aqueles que adquiriram a nacionalidade espanhola.
Jorge Rodríguez acusou a Espanha de se tornar um "refúgio" para "homicidas", "golpistas" e "violentos".
A justiça venezuelana, acusada de servir o chavismo, procurava González Urrutia por várias acusações após a divulgação de cópias das atas de votação em um site que atribui a vitória eleitoral à oposição.
Diante da possibilidade de ruptura das relações, a porta-voz do governo espanhol, Pilar Alegría, afirmou nesta quinta-feira à imprensa que o país tem "interesse em trabalhar para manter as melhores relações com o povo venezuelano".
"A embaixada na Venezuela está trabalhando com absoluta normalidade", acrescentou.
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