
Bolsonaro perdeu a regalia de assistir o desenrolar de seu caso no conforto de sua casa; agora, ele deverá seguir da PF, onde cumpre prisão preventiva, para a Papuda ou alguma outra penitenciária
A menos de um ano das eleições, o campo bolsonarista ligou o alerta. A prisão de Jair Bolsonaro deixou o campo acéfalo. No vácuo, todo mundo briga contra todo mundo pela candidatura à Presidência e alguns postos-chave, como Senado em Santa Catarina.
Na briga com os filhos do ex-presidente, venceu a madrasta, que desautorizou a aliança do próprio partido, o PL, com um dos mais agressivos adversários de Bolsonaro, o ex-governador Ciro Gomes no Ceará. Os filhos foram às redes reclamar do “autoritarismo” de Michelle Bolsonaro. Tiveram de engolir as palavras e pedir desculpas após uma visita ao pai na cadeia. O acordo com Ciro foi desfeito. A briga pela indicação da legenda à vaga no Senado em Santa Catarina, que opõe o vereador do Rio Carlos Bolsonaro a Carol de Toni, favorita da ex-primeira-dama, permanece.Longe dos holofotes, Bolsonaro tenta influenciar como pode os rumos do partido. Mas a ausência dele no palanque é brutal. Durante a semana, a extrema-direita atiçou caminhoneiros simpáticos ao ex-presidente a entrarem em greve em protesto contra o STF e a suposta perseguição judicial ao clã. Foi um fiasco.Para piorar, Gilmar Mendes se antecipou a um possível revés após as eleições e determinou que só o procurador-geral da República pode pedir impeachment de ministros do Supremo. Quebrava, assim, os planos da extrema-direita de eleger o maior número possível de senadores para poder emparedar a Suprema Corte. Hoje um ministro pode deixar o posto se assim quiser a maioria do Senado.A eleição começa oficialmente em menos de oito meses. E até agora não está definido quem será o candidato ou a candidata da turma. Michelle mostrou que está na pista. Os filhos rosnaram. Gilberto Kassab já mandou Tarcisio de Freitas expor menos o DNA bolsonarista pra ganhar o eleitor de centro. Falta combinar com outros governadores que também almejam a candidatura.Enquanto isso, Lula agradece e corre sozinho em uma pista cheia de barreiras para os adversários. Aposta em projetos de alto apelo popular, como o fim da escala 6 por 1 e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, já aprovado pelo Congresso e sancionado, para turbinar a campanha do próximo ano.Quanto mais briga no outro campo, melhor pra ele.