Capas históricas que marcaram os 200 anos do Diario de Pernambuco
Reprodução/Diário de Pernambuco
Capas históricas que marcaram os 200 anos do Diario de Pernambuco

Há 200 anos, o Diario de Pernambuco iniciava uma trajetória que se confundiria com a própria história do Brasil. Fundado em 07 de novembro de 1825 pelo tipógrafo e jornalista Antonino José de Miranda Falcão, o periódico surgiu como uma folha de anúncios e avisos comerciais e tornou-se o jornal em circulação mais antigo da América Latina, símbolo da imprensa pernambucana e patrimônio da memória nacional.

Ao longo de dois séculos, o Diario acompanhou acontecimentos que moldaram o país, do Império à República, da Abolição da Escravatura às transformações políticas e culturais do século XXI.

Em cada virada de século, o jornal se reinventou, preservando o compromisso com a informação e a credibilidade que o tornaram referência no jornalismo brasileiro.

Duas viradas de século

O Diario de Pernambuco é um dos raros jornais do mundo a ter atravessado duas viradas de século, mantendo circulação ininterrupta.

Dentre inúmeros eventos históricos, registrou a Abolição da Escravatura em 1888, a Proclamação da República no ano seguinte e as revoluções pernambucanas que marcaram a política regional. No século XX, acompanhou a Segunda Guerra Mundial, o regime militar e o processo de redemocratização, destacando-se pela cobertura da promulgação da Constituição de 1988.

Em suas páginas, também foi possível acompanhar o desenvolvimento urbano do Recife, o avanço econômico do estado e o surgimento de nomes que projetaram Pernambuco no cenário nacional, de Capiba e Ariano Suassuna a Chico Science e Lia de Itamaracá.

O jornal atravessou a virada para o século XXI expandindo sua atuação para o ambiente digital e consolidando sua presença nas novas plataformas de comunicação.

Confira alguns exemplos de eventos pelos quais o Diario de Pernambuco passou nesses dois séculos de atuação:

Século XIX (1825–1900)

1825 – Fundação do Diario de Pernambuco, mais antigo jornal em circulação da América Latina.
1835–1845 – Revoltas regionais no Brasil, como a Cabanagem, Balaiada e Revolução Farroupilha.
1848 – Revolução Praieira, em Pernambuco, último movimento liberal armado do país.
1850 – Fim oficial do tráfico negreiro no Brasil.
1861–1865 – Guerra Civil nos Estados Unidos, que abole a escravidão no país.
1864–1870 – Guerra do Paraguai, maior conflito armado da América do Sul.
1888 – Abolição da Escravatura no Brasil (Lei Áurea).
1889 – Proclamação da República.
1894 – Primeiro presidente civil do Brasil, Prudente de Morais, assume o poder.

Século XX (1901–2000)

1914–1918 – Primeira Guerra Mundial.
1917 – Revolução Russa e início do regime comunista.
1922 – Semana de Arte Moderna em São Paulo, marco da cultura brasileira contemporânea.
1929 – Crise da Bolsa de Nova York, que provoca recessão global.
1930 – Revolução de 1930 leva Getúlio Vargas ao poder.
1939–1945 – Segunda Guerra Mundial.
1945 – Criação da ONU e fim do Estado Novo no Brasil.
1950–1954 – Era Vargas e seu suicídio em 1954.
1957 – Corrida Espacial começa com o lançamento do Sputnik.
1960 – Fundação de Brasília, nova capital do Brasil.
1964–1985 – Ditadura Militar no Brasil.
1969 – Chegada do homem à Lua.
1985 – Redemocratização do Brasil com o fim do regime militar.
1988 – Promulgação da Constituição Cidadã.
1989 – Queda do Muro de Berlim e fim da Guerra Fria.
1994 – Plano Real estabiliza a economia brasileira.
1998–2000 – Explosão da internet e popularização dos computadores pessoais.

Século XXI (2001–2025)

2001 – Atentados de 11 de setembro nos EUA.
2002–2010 – Primeiro governo Lula.
2008 – Crise financeira global iniciada nos EUA.
2013 – Manifestações de junho e protestos em todo o Brasil.
2014–2016 – Crise política e impeachment de Dilma Rousseff.
2020 – Pandemia de Covid-19, que transforma hábitos e acelera o digital.
2022 – Morte da Rainha Elizabeth II, encerrando o reinado mais longo do Reino Unido.
2025 – Bicentenário do Diario de Pernambuco.

Primeira capa do Diario de Pernambuco. Foto: Reprodução/Diário de Pernambuco
Itália declara guerra à Áustria-Hungria, aliada da Alemanha, na Primeira Guerra Mundial, na capa do Diario de Pernambuco. Foto: Reprodução/Diário de Pernambuco
Capa com deposição de Getúlio Vargas da presidência da República, pondo fim ao Estado Novo. Foto: Reprodução/Diário de Pernambuco
Registro histórico da promulgação da Constituição de 1946. Foto: Reprodução/Diário de Pernambuco
O Diario de Pernambuco estampou a manchete “A Lua é dos Estados Unidos” ao noticiar a chegada do homem à Lua. Foto: Reprodução/Diário de Pernambuco
A manchete "Cheia, angústia e morte no Recife" relata a enchente de 1975 na capital pernambucana. Foto: Reprodução/Diário de Pernambuco
Homenagem a morte de Ariano Suassuna. Foto: Reprodução/Diário de Pernambuco
Jornal acompanhou a morte da monarca mais longeva do Reino Unido, Rainha Elizabeth II. Foto: Reprodução/Diário de Pernambuco
Capa de 2024 destaca uma das figuras mais emblemáticas do carnaval pernambucano: o Galo da Madrugada. Foto: Reprodução/Diário de Pernambuco


Celebração histórica

As comemorações do bicentenário tiveram início na noite de segunda-feira (03), com uma solenidade no Teatro de Santa Isabel, no Recife. O evento reuniu autoridades, artistas e representantes de instituições públicas e privadas.

Entre os presentes estavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a governadora Raquel Lyra, o prefeito João Campos, o presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Ricardo Paes Barreto, além de empresários, intelectuais e personalidades da cultura local.

Durante a cerimônia, 30 homenageados receberam a Moeda Comemorativa dos 200 anos. Entre eles, o escritor Ariano Suassuna, o sociólogo Gilberto Freyre, os cineastas Kleber Mendonça Filho e Gabriel Mascaro, o músico Capiba, a artista Lia de Itamaracá e o cientista Silvio Meira.

Celebramos um marco que poucos alcançaram: 200 anos de história. A cada transformação tecnológica – da tipografia às redações multimídia – carregamos a mesma pergunta orientadora: como servir melhor a Pernambuco, ao Brasil e ao mundo? Para honrar os próximos anos, reafirmamos nossos princípios de independência, inovação, multiplicidade e sustentabilidade – um jornalismo a serviço de todos os nossos leitores”, destacou o presidente do jornal, Carlos Frederico de Albuquerque Vital.

O superintendente do Diario de Pernambuco, Diogo Vital, ressaltou o equilíbrio entre tradição e modernidade. “Uma instituição só atravessa dois séculos se conseguir se manter atual, relevante e necessária para a sociedade. No Diario, defendemos o rigor jornalístico, investimos em tecnologia e apostamos em novas plataformas, sem abrir mão do jornal impresso, para garantir que os leitores tenham acesso à informação confiável e de qualidade. Acredito que o Diario, ao chegar à marca extraordinária de 200 anos, é prova viva de que tradição e inovação podem caminhar juntas”, declarou Vital.

A solenidade contou ainda com a exibição de um documentário sobre o bicentenário, com direção de Raoni Moreno e narração de Ricardo Fleury, reunindo depoimentos de jornalistas, pesquisadores e figuras ligadas à história do jornal. A noite foi encerrada com um show do cantor Lenine, acompanhado pela Orquestra Criança Cidadã.

Preservando o passado

Atualmente, o Diario de Pernambuco passa por um amplo processo de preservação de seu acervo histórico. Em parceria com o Laboratório Liber, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o jornal está digitalizando e restaurando 2.690 volumes de edições históricas, cerca de 800 deles com prioridade de tratamento.

O projeto, iniciado em 2022 e impulsionado em 2024 por meio de uma emenda parlamentar, busca garantir o acesso público aos registros jornalísticos que contam a história de Pernambuco e do país.


A cooperação técnica e científica foi firmada entre o Diario de Pernambuco, a UFPE e a Associação da Imprensa de Pernambuco (AIP), com foco em três eixos principais: resgate, preservação e disponibilização digital.

Com 200 anos de história, o Diario de Pernambuco segue unindo tradição e renovação, consolidando-se como um espelho da sociedade pernambucana e brasileira, e como uma das mais duradouras expressões do jornalismo em língua portuguesa no mundo.

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