Gutemberg Reis
Reprodução: Câmara dos Deputados
Gutemberg Reis

O deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) foi i ndiciado pela Polícia Federal (PF) por inserção de dados falsos em sistema público de informações e associação criminosa. Isso ocorreu após a descoberta de que seu cartão físico de vacinação contra a Covid-19 registrou a segunda dose antes da primeira, além de inconsistências nos registros físicos e no sistema do Ministério da Saúde.

Gutemberg anunciou que não fará comentários até que sua defesa tenha acesso completo ao processo. O caso veio à tona por meio de um relatório final de inquérito, no qual também foram indiciados o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid e outras 14 pessoas. (Veja a lista completa abaixo)

A PF descobriu o erro nos dados do cartão em mensagens trocadas entre Cláudia Helena Acosta, servidora da prefeitura de Duque de Caxias, e Célia Serrano, ex-funcionária da Secretaria Municipal de Saúde. Ambas também foram indiciadas pela PF. As mensagens de 18 de novembro de 2022 revelaram a foto do cartão físico de vacinação de Gutemberg, evidenciando o que a PF chamou de "erro crasso".

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Os investigadores destacam que:

"A data de aplicação da 2ª dose da vacina da fabricante Janssen é anterior à data inserida no documento como sendo de aplicação da 1ª dose da mesma fabricante"; e "é possível observar o registro do que seria uma terceira dose da fabricante Pfizer anotada fora do local adequado, de forma amadora".

Ao inserir os dados do cartão físico no Sistema de Informação do Plano Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (SI-PNI), Cláudia Helena alterou a data da segunda dose para 15 de fevereiro de 2022, de acordo com a PF, com o objetivo de evitar inconsistências nos registros.

Posteriormente, conforme consta no relatório, Serrano enviou para Cláudia Helena informações sobre duas doses adicionais que teriam sido administradas em Gutemberg, estas da vacina Pfizer, e esses dados foram incluídos. A servidora então respondeu com uma imagem dos registros das quatro doses no sistema oficial.

Os investigadores apreenderam o cartão físico com os dados incorretos durante uma operação na residência do deputado. Segundo o relatório, "o cartão é exatamente o mesmo que foi enviado em 18/11/2022 por Celia Serrano a Cláudia Helena para inserção dos dados falsos".

Além disso, os investigadores destacam um problema adicional no número do lote da suposta terceira dose recebida por Gutemberg, que difere do número registrado no sistema do Ministério da Saúde.

A PF também observa que em pelo menos uma das datas em que Gutemberg teria recebido uma das quatro doses registradas, em 16 de junho de 2022, o deputado federal "fez várias postagens em suas redes sociais, declarando que estava na cidade de Brasília/DF durante a semana, desempenhando suas funções parlamentares na Câmara dos Deputados".

Com a conclusão do inquérito, caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliar o indiciamento e decidir os próximos passos. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, relator do caso, deu à PGR um prazo de 15 dias para esta etapa.

Veja as 16 pessoas que foram indiciadas:

  • Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República;
  • Mauro Barbosa Cid, coronel do Exército e ex-ajudante de ordens da Presidência da República;
  • Gabriela Santiago Cid, esposa da Mauro Cid;
  • Gutemberg Reis de Oliveira, deputado federal (MDB-RJ);
  • Luis Marcos dos Reis, sargento do Exército que integrava a equipe de Mauro Cid;
  • Farley Vinicius Alcântara, médico que teria emitido cartão falso de vacina para a família de Cid;
  • Eduardo Crespo Alves, militar;
  • Paulo Sérgio da Costa Ferreira
  • Ailton Gonçalves Barros, ex-major do Exército;
  • Marcelo Fernandes Holanda;
  • Camila Paulino Alves Soares, enfermeira da prefeitura de Duque de Caxias;
  • João Carlos de Sousa Brecha, então secretário de Governo de Duque de Caxias;
  • Marcelo Costa Câmara, assessor especial de Bolsonaro;
  • Max Guilherme Machado de Moura, assessor e segurança de Bolsonaro;
  • Sergio Rocha Cordeiro, assessor e segurança de Bolsonaro;
  • Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, servidora de Duque de Caxias;
  • Célia Serrano da Silva.

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