Moraes era rastreado por assessores de Bolsonaro, diz Polícia Federal
Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional), Mauro Cid e Marcelo Câmara (ex-assessores de Bolsonaro) eram responsáveis pelo rastreio
Moraes era rastreado por assessores de Bolsonaro, diz Polícia Federal
iG Último Segundo
Durante as investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) acerca da alegada articulação do núcleo do governo anterior, liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
, em relação a um possível golpe de estado no país, as autoridades revelaram que membros do antigo governo estavam monitorando os deslocamentos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
O propósito era garantir a prisão de Moraes, caso o golpe liderado pelos apoiadores de Bolsonaro fosse bem-sucedido. O próprio ministro do STF identificou a rede que rastreava sua localização, mencionando o caso na decisão que autorizou a operação realizada nesta quinta-feira (8)
.
As investigações apontam que a coleta de dados e informações era feita por Augusto Heleno
, general da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro; Mauro Cid e Marcelo Costa Câmara, ex-assessores do antigo presidente.
Trechos da decisão
“A autoridade policial aponta que Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Marcelo Costa Câmara e Mauro César Barbosa Cid integraram o núcleo de inteligência paralela, responsável pela coleta de dados e informações que pudessem auxiliar a tomada de decisões ddo ex-Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, na consumação do golpe de Estado”, diz a PF na decisão.
“Os membros teriam monitorado o itinerário, o deslocamento e a localização do Ministro do Supremo Tribunal Federal e então chefe do Poder Judiciário Eleitoral, Alexandre de Moraes, e de possíveis outras autoridades da República, com o objetivo de captura e detenção, nas primeiras horas que se seguissem à assinatura do decreto de golpe de Estado”, completa.
Troca de mensagens entre assessores
Alexandre de Moraes era chamado de "professora" por Mauro Cid e Marcelo Câmara, segundo alegação da PF na decisão do magistrado. Nas conversas, os ex-assessores falavam sobre os deslocamentos de Moraes entre Brasília e São Paulo. Confira trechos de suas conversas:
Dias 15 e 16 de dezembro
– Câmara:
Trabalhando
– Cid:
Algo?
– Câmara:
Viajou para SP hoje retorna na manhã de segunda-feira e viaja novamente pra SP mesmo dia. Por enquanto só retorna a Brasília pra posse do ladrão. Qualquer mudança que saiba lhe retorno.
Dias 19 a 22 de dezembro
– Cid:
O senhor está no Planalto?
– Cid:
Por onde anda a professora?
– Câmara: Informação que foi para uma escola em SP.
– Câmara:
Ontem
– Cid:
E tem previsão de volta?
– Câmara:
Somente para início do ano letivo
– Câmara:
Apesar ter a previsão do período de recuperação
– Câmara:
Tem dúvida
Dia 24 de dezembro
– Cid: Onde a professora está? – Câmara: Deixa eu verificar: – Câmara: Está em SP – volta dia 31 a noite para posse – Cid: Na capital ou no interior? – Câmara: Na residência em SP – eu não sei onde fica
“Considerando que a minuta do decreto que declarava o Golpe de Estado previa a prisão do ministro Alexandre de Moraes, o acompanhamento e monitoramento da autoridade — inclusive durante o Natal (24/12/2022) — demonstra que o grupo criminoso tinha intenções reais de consumar a subversão do regime democrático, procedendo a eventual captura e detenção do Chefe do Poder Judiciário Eleitoral”, relata a PF na decisão de Alexandre de Moraes.
Até o momento, ambas as defesas dos citados não se manifestaram sobre o assunto.