Bolsonaro cobrou que ministros divulgassem fake news sobre eleições

Relatório da PF que embasou operação desta quinta-feira (8) revela que o ex-presidente determinou que ministros tivessem falas espelhadas sobre TSE e urnas

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil - 18/10/2023
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) coagiu, durante reunião em 5 de julho de 2022, aliados e membros da alta cúpula do governo a espalharem desinformação sobre o  Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e as urnas eletrônicas.

Segundo o relatório da Polícia Federal (PF) que embasou a  Operação Tempus Veritatis nesta quinta (8) , o objetivo da reunião era "coagir os Ministros e todos os presentes, para que aderissem à ilícita desinformação apresentada". Bolsonaro afirmou: "Daqui pra frente quero que todo ministro fale o que eu vou falar aqui, e vou mostrar. Se o ministro não quiser falar ele vai vim [sic] falar para mim porque que ele não quer falar. Se apresentar onde eu estou errado eu topo". 

O ex-presidente continua: "Agora, se não tiver argumento pra me demover do que eu vou mostrar, não vou querer papo com esse ministro. Tá no lugar errado. Se tá achando que eu vou ter 70% dos votos e vou ganhar como ganhei em 2018, e vou provar [como que eu ganhei], o cara tá no lugar errado".


Em outro trecho, Bolsonaro afirma que achava que Lula (PT) "ganha, sim" as eleições. "As pesquisas estão exatamente certas", afirmou. "De acordo com os números que estão dentro dos computadores do TSE. Né? Eu tenho que ter bastante calma, tranquilidade, e vou entrar em detalhes com vocês daqui a pouco", disse.

A PF diz que Bolsonaro, em sequência, revelou ter agendado uma reunião com embaixadores para, "em suas palavras, 'mostrar o que tá acontecendo'". Ele reforçou a narrativa de  fraude eleitoral para eleger o então pré-candidato e atual presidente da República, Lula (PT).

"Porque os cara [sic] tão preparando tudo, pô! Pro Lula ganhar no primeiro turno, na fraude", afirmou, sem provas. "Vou mostrar como e porquê. Alguém acredita aqui em Fachin, Barroso, Alexandre de Moraes? Alguém acredita? Se acreditar levanta o braço! Acredita que eles são pessoas isentas, tão preocupados em fazer justiça, seguir a Constituição?".